Rumo aos duzentos anos – Primeiros passos

quinta-feira, 02 de fevereiro de 2017
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Reunião para recepção de 400 suíços para o bicentenário (Fotos: Divulgação)

Na última terça-feira, participei de duas reuniões cujo objetivo era os duzentos anos de Nova Friburgo. De início, falarei da que ocorreu na parte da tarde com o historiador Martin Nicoulin. Para quem não o conhece, Nicoulin é um historiador suíço que escreveu o livro “A gênese de Nova Friburgo”, uma obra que teve grande importância para o município por vários motivos. Inicialmente, por ser o primeiro trabalho acadêmico sobre a história de Nova Friburgo, que deu base e motivação para trabalhos posteriores, a exemplo do livro Teia Serrana. Igualmente motivou descendentes de colonos suíços a valorizar a memória de seus antepassados, seja através de publicações escritas ou reuniões familiares periódicas. Em um efeito dominó motivou descendentes de outras nacionalidades a fazer o mesmo. A princípio, achei que Martin Nicoulin tivesse vindo a Nova Friburgo por conta dos duzentos anos, mas não.  Veio ao Brasil apenas para visitar um amigo no Rio de Janeiro. No entanto, Raphael Fessler, presidente da Associação Fribourg-Nova Friburgo, representante na Suíça, pediu que ele viesse a Nova Friburgo e conversasse com os historiadores locais. Foi o que fez. Quase todos atenderam ao seu convite e passamos uma tarde muito proveitosa em que cada um expôs sobre o seu trabalho. Nicoulin tomou nota de tudo e disse que haveria a possibilidade da publicação de um livro com capítulos de todos os historiadores. Disse ainda que retornaria em outubro ao Brasil.

Já a segunda reunião foi presidida por Geraldo Thurler, presidente da Associação Fribourg-Nova Friburgo, representante em Nova Friburgo. Na reunião, muitos voluntários que vão desde empresários, publicitários, historiadores e a presença do suíço Marcel Schwey, que tem feito a ponte entre os presidentes da Associação Fribourg-Nova Friburgo. A reunião era para tratar do acolhimento de cerca de 400 suíços que virão a Nova Friburgo em maio do próximo ano. Um grupo ficará hospedado em hotel, outro nas residências de particulares, mas a maioria ficará em alojamentos, a exemplo do Sanatório Naval. Esse último grupo é composto por músicos, cantores de coral, grupos folclóricos, enfim, por artistas que não têm como arcar com muitas despesas. Os suíços chegarão no dia 10 de maio e ficarão alguns dias no Rio de Janeiro. No dia 13, serão conduzidos até Nova Friburgo e instalados em hotéis, residências e alojamentos, conforme coloquei anteriormente. No dia seguinte, um coquetel será oferecido na Casa Suíça. Para quem não conhece, fica no distrito do Campo do Coelho. Trata-se de um memorial com objetos e registros dos colonos suíços que aqui chegaram em 1819. Ali existiu a Queijaria-Escola, que formou uma turma de mestres queijeiros treinados por suíços mas, infelizmente, a escola não foi adiante por falta de apoio do governo municipal. Atualmente as instalações da Queijaria-Escola estão arrendadas a iniciativa privada. Depois do coquetel, uma tarde livre para compras. No dia 15, os grupos serão divididos e alguns irão para os municípios de Cantagalo, Santa Maria Madalena, Duas Barras ou São Pedro da Serra e Lumiar. A razão dessas visitas é para conhecer as fazendas históricas que hoje estão na propriedade de descendentes de colonos suíços. Desde a viagem de ônibus do Rio de Janeiro até os passeios mais localizados, os suíços serão recepcionados por estagiários em turismo com uma explicação histórica do município de Nova Friburgo e das localidades que visitarão. Finalmente no dia 16 de maio desfilarão e seus grupos musicais e folclóricos farão apresentações na avenida Alberto Braune. No dia seguinte, partem rumo ao aeroporto.

Uma informação que Geraldo Thurler nos trouxe é de que em 2019, o governo suíço promoverá eventos do bicentenário em memória da partida dos suíços para Nova Friburgo. Pode ficar aí uma confusão. Porque celebramos um ano antes, se os suíços partiram em 1819? Celebramos o bicentenário a partir da assinatura do decreto do Rei D. João VI, em 18 de maio de 1818, quando na realidade, o bicentenário deveria ser celebrado a partir da fundação da vila, em 3 de janeiro de 1820. Já se questionou muito esse erro do passado, mas agora se tornou uma discussão estéril. De qualquer forma, estamos avançando. No entanto, percebo que os descendentes de alemães, portugueses, afrodescendentes, italianos, espanhóis e árabes estão totalmente desarticulados quanto a maneira como irão trazer a memória de seus antepassados. Parece-nos que a celebração dos duzentos anos será tão somente uma festa suíça.   

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    Matin Nicoulin, historiador suíço

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    Os historiadores expuseram a Nicoulin os seus trabalhos atuais

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Janaína Botelho

Janaína Botelho

História e Memória

A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.

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