O território de Nova Friburgo no passado

quinta-feira, 09 de janeiro de 2020

No início do século 19, foi desmembrada uma parte de Cantagalo para abrigar um distrito colonial povoado por imigrantes provenientes de diversos cantões da Suíça. Surgiu em 3 de janeiro de 1820, a Vila de Nova Friburgo. Monsenhor Pedro Machado de Miranda Malheiros, inspetor da colônia, foi autorizado a adquirir fazendas em Cantagalo e próximas à Serra da Boa Vista para formar a nova vila que abrigaria o distrito colonial.

Duas das fazendas adquiridas formavam um retângulo e foram divididas em 120 lotes para serem assentados os colonos. Outra fazenda e limítrofe a elas, a Fazenda do Morro Queimado, foi comprada e tornar-se-ia a sede da vila. Outras duas sesmarias, a de São José do Ribeirão e a de Córrego D’Anta, integravam igualmente o termo de Nova Friburgo. A vila foi se desenvolvendo econômica e demograficamente e três localidades são erigidas à freguesia.

Além da Freguesia de São João Batista, sede da vila, surgem as freguesias de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer (1844), Nossa Senhora da Aparecida (1844), São José do Ribeirão (1857) e Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão de Sebastiana (1862). Ainda não temos pesquisas sobre em que momento foi adicionando ao termo de Nova Friburgo outros territórios para chegar a fazer divisa com Minas Gerais.

Porém, em 1847, o termo de Nova Friburgo perdeu a Freguesia de Aparecida que é incorporada ao distrito de Magé. Era justamente o território que fazia divisa com a província mineira e que hoje é o município de Sapucaia. No final daquele século, ocorreu uma mudança política e o Brasil de monarquia passa ao regime republicano. Nessa ocasião, ocorreu uma intensa onda municipalista e o governador Eduardo Portela criou em dois anos inúmeros municípios na província fluminense.

A reorganização municipal que promoveu foi muito criticada e sua revogação seria uma das prioridades de seu sucessor. No primeiro semestre de 1891, foram criados nove municípios em um espaço de três meses, como São Sebastião do Alto, Conceição de Macabu, Monte Verde, Duas Barras, Macuco, Teresópolis e São José do Ribeirão. Mesmo antes da proclamação da República, o termo de Nova Friburgo já vinha perdendo território. A Freguesia do Carmo que pertencia a Cantagalo se emancipa em outubro de 1881, a cujo território é anexada a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer, que fazia parte de Nova Friburgo.

Em 1890, essa freguesia foi elevada à categoria de município e passou a denominar-se Sumidouro. A configuração do mapa da província fluminense se modifica a todo o momento. Bom Jardim três anos depois da proclamação da República se emancipou de Cantagalo, retirando parte de seu território, levando ainda de Nova Friburgo a Freguesia de São José do Ribeirão, anexa igualmente Barra Alegre.

O caso mais bizarro da febre de emancipação é o da Freguesia de São José do Ribeirão. Com o advento da República, São José é beneficiado pelo decreto de 06 de julho de 1891, e se torna município. Entidade municipal criada apressadamente, desmembra-se de Nova Friburgo sob protestos da Câmara Municipal. Essa freguesia não possuía economia e população para garantir-lhe uma sólida estabilidade administrativa e isso redundou na revogação de seu status como município.

Logo após ser emancipado, o município foi rebaixado voltando a pertencer à Nova Friburgo. No entanto, com a criação de Bom Jardim, como dito antes, Nova Friburgo perdeu São José do Ribeirão para esse município. Em 1911, a lei 1003 iria desanexar o território de Amparo de São José do Ribeirão e devolvê-lo a Nova Friburgo. Em abril de 1892, a Assembleia Estadual Constituinte promulgou a nova constituição. No tocante à organização municipal estabeleceu critérios mais rígidos para a criação e subsistência dos municípios, abrindo caminho para uma ampla revisão do território fluminense.

Foi decidido que os municípios que não tivessem condições de se manter economicamente deveriam ser anexados a um ou mais municípios ou mesmo serem reincorporados aos que deles foram desmembrados. Cumpre destacar que a criação desses municípios não foi em razão de seu desenvolvimento econômico e populacional. Atendia tão somente aos interesses políticos dos coronéis da velha província fluminense.

  • Foto da galeria

    Em 1847, Nova Friburgo perde a Freguesia de Aparecida que é incorporada a Magé

  • Foto da galeria

    Detalhe para a divisa que Nova Friburgo fazia com Minas Gerais

  • Foto da galeria

    A configuração do mapa da província fluminense se modifica radicalmente na República

TAGS:
Janaína Botelho

Janaína Botelho

História e Memória

A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.