Cuidado para não escolher o que vai desaparecer

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A escolha de uma carreira exige este cuidado: escolher o que existirá no futuro porque você pode fazer um vestibular, escolher a carreira e ficar desempregado por causa do desaparecimento de muitas profissões.

É verdade também que as carreiras tradicionais permanecem, o que com elas ocorre é uma constante adaptação e ajustes às especialidades novas.

Um universitário iniciando um curso em 2016 certamente terá oportunidades muito variadas nas especialidades que surgirão nos próximos quatro ou cinco anos.

Se no passado as escolhas eram fechadas em carreiras que garantiam sobrevivência pela força do diploma, as escolhas atuais podem não ter este significado. O tradicional não é mais garantia de sucesso ficando este, dentro do mundo líquido em que vivemos, dependente da criatividade do profissional e sua visão ampla em relação às variadas oportunidades do mercado.

Vivemos num momento em que a única certeza é a mudança. O século 21 reabilitou o filósofo Heráclito que, na velha Grécia defendia o princípio de que “tudo corre, tudo passa e nada permanece”.

Estar preparado para o imprevisível, como ponto de partida para enfrentar a vida profissional não é imaginação de pedagogos e economistas, faz parte da realidade.

Se na década de 1960 os programas humorísticos ridicularizavam os cursos de comunicação social, educação física, arte-educação e turismo, com a evolução tecnológica e os avanços em nossa sociedade, todos eles têm o seu lugar e as competências básicas de cada um fazem as diferenças, tanto quanto em 2010 a nova profissão de “corretor de cabelo” pode assustar quem lê alguma coisa sobre esta profissão.

Assim, falar de crioterapia e de especialidades em transmissão inalâmbrica não fazem mais parte de ficção científica e, sim, da realidade da eletrônica e especificidades da medicina.

Mas, na prática da vida universitária ou pré-universitária, qual a melhor atitude e quais os caminhos mais seguros dentro dessa sociedade líquida, na visão de Sigmunt Bauman quando as escolas por melhores que sejam podem estar preparando futuros desempregados?

A atitude do observador atento que está com olhos e ouvidos sempre abertos, lendo e ouvindo, analisando a imagem do mundo apresentado pelas revistas e cadernos especiais dos jornais. Se a revista Super Interessante é uma ferramenta útil para o ensino básico, a Cientific American há poucos anos traduzida para o português, torna-se indispensável para os acadêmicos de qualquer curso.

Não teremos “gurus” para assegurar quais os mapas a serem seguidos, será a pesquisa contínua que garantirá o ajuste de coordenadas facilitadoras de decisões no presente e no futuro.

Portanto, por mais tradicional que seja, ler e ler sempre, ouvir e ouvir sempre, discutir e questionar sempre podem indicar um futuro seguro em oposição à alienação de quem se fecha em si mesmo e se isola do mundo, esperando alguma solução mágica para as dúvidas profissionais.

Professor Hamilton Werneck é pedagogo, escritor e palestrante

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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