A consciência do resgate da cidadania

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Há uma grande diferença entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos em relação à educação. Os mais avançados tecnicamente procuram, por meio da escola, promover as pessoas e resgatar a cidadania de seus estudantes, transformando-os em pessoas capazes de enfrentar as mudanças de seu tempo, em meio ao avanço das técnicas e recursos humanos. Os menos avançados e, sobretudo, os mais atrasados, fazem o inverso, estruturam a educação em padrões capazes de eliminar os estudantes e podá-los do sistema de ensino. O funil dos concursos e das etapas escolares servem para frear o avanço humano das pessoas, ficando a região onde habitam desprovida de capacidades para desenvolvê-la. Mas permanece a dúvida: como acontece tal coisa? Não se trata de artimanha muito complexa. Nos países desenvolvidos, os alunos têm muito mais opções e possibilidades de escolha no ensino médio e os programas são adaptados ao desenvolvimento psicogenético da criança. Nos subdesenvolvidos, a título de grau de especialização da escola e manutenção do nível de excelência, exige-se do aluno um desempenho acima de suas capacidades. Assim, estrutura-se um sistema capaz de, facilmente, impedir o acesso de muitos às séries superiores. Não se ensina o básico, exige-se além da conta, proporciona-se uma enorme repetência e o país sai perdendo em relação ao desenvolvimento de seus recursos humanos.

Nos países desenvolvidos, os programas, além de serem adaptados à capacidade da criança, são oferecidos dentro de uma estrutura de interesses, de modo que cada um pode escolher, entre um leque de disciplinas, aquelas mais adequadas às suas reais capacidades intelectuais. O resultado desse processo é a maior felicidade dos alunos enquanto estudam, com reflexos imediatos no desempenho, na disciplina escolar e na realização pessoal. A esperança ainda existe no magistério brasileiro, porquanto espera-se dos representantes do povo uma votação urgente da Lei de Diretrizes e Bases de nossa educação voltada a uma maior liberdade de escolha. O quadro é ainda agravado quando verificamos uma grande pobreza em relação aos modos diversificados de aprender. Nossas escolas priorizam, assim como todos os nossos concursos, poucos tipos de inteligência. A escola está fixada num academicismo verbolinguístico e lógico-matemático, deixando de lado e nada valorizando as demais formas de aprender, que variam muito entre um estudante e outro. Com uma legislação de ensino mais voltada à diversificação, tanto as escolas, quanto os alunos estariam mais livres na busca de uma maior realização pessoal. A escola não seria mais enfadonha e o ato de aprender, numa consciência de uma cidadania resgatada, seria muito mais agradável.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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