Aprovada a PEC dos gastos

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Foi aprovada recentemente a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que proíbe ao governo gastar mais do que arrecada por um período de vinte anos, podendo ser flexibilizado após dez anos. Interessante que qualquer família não pode gastar mais do que o salário que ganha pela vida inteira. Gastar mais que o salário só se tiver outra renda oriunda de aluguéis ou poupança.

Aprova-se a PEC para que o país possa crescer. Mas, se ele crescer, mesmo assim os gastos continuarão congelados. Então, pergunta-se, para que servirá crescer? Seria, acaso, para pagar os juros da nossa dívida, seria para sustentar a rolagem da dívida?

Qual a vantagem para o povo brasileiro? Ter mais emprego? Sim. Seria uma vantagem, contudo há setores da economia que não são regulados pela nossa moeda. Na saúde, por exemplo, quem manda é o dólar americano. Então, mesmo crescendo, mesmo mantendo congelados os gastos, haverá, certamente, a necessidade de remanejar verbas para atender aos setores que se desequilibrarem. Mas, qual é o perigo maior desta PEC? É pensar na economia, antes de pensar nas pessoas. Hoje, a mentalidade é a de colocar a economia na parte mais alta da pirâmide, para ela ditar as regras a serem votadas pelos políticos, com o objetivo de dizer às pessoas quais as necessidades que podem desejar ter. Trata-se de uma inversão de valores.

Na verdade, quem deveria estar na parte mais alta da pirâmide deveria ser a necessidade e, esta, ditando aos políticos quais deveriam ser as regras para mudar a economia. Ou o governo pensa nos números ou nas pessoas. A escolha, no momento, foi descartar as pessoas para pensar nos números. Uma única voz e das mais conservadoras do Senado se fez ouvir em meio às votações alertando para a necessidade do governo ser mais sensível. E qual seria esta sensibilidade? Pensar mais nas pessoas do que nos números. Este poderá ser o grande erro da aprovação desta PEC. O tempo dirá. E não precisará de vinte anos!

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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