Cinema e televisão são parecidos

domingo, 21 de maio de 2017

O cinema se desenvolveu a partir dos traços da vida moderna, momento que nos proporcionou não só o início da democratização dos direitos civis, mas também o acesso aos equipamentos fílmicos com o avanço do sistema digital. É possível ver a mesma câmera em qualquer segmento do audiovisual. Tal acesso caracteriza o momento atual do cinema, denominado por alguns como a pós-retomada. Os roteiros e a maneira de filmar precisam suprir os diversos meios de consumo existentes, como cinema, televisão e, ainda, a internet.

Quando o vídeo cassete chegou às residências, na década de 80, com suas fitas VHS, os filmes não enxergavam o sistema domiciliar como complementação de renda, existia um hiato de mais de três meses para se ter acesso em casa. Hoje, os filmes ocupam cada vez menos tempo nas salas de cinema para atingir, o quanto antes, os públicos da televisão e da internet.

Realizadores de tevê ou internet tornam-se cineastas, e, por vezes, o contrário. A maneira de conceber um filme se repete nas diferentes plataformas. Com isso, chegam aos cinemas nacionais muitos filmes do gênero comédia semelhantes aos realizados na televisão. Não sabemos mais quem é a extensão do outro.

Mesmo assim, algumas produtoras independentes desenvolvem filmes e prezam pelo padrão técnico mais próximo ao estilo de vanguarda de cinema, explorando mais a fundo as contradições e dilemas existentes na sociedade. Apostam numa estética menos grandiloquente e espetacular, que pode ser observada, por exemplo, em filmes como “O Céu de Suely” (2006) de Karim Aïnouz, “A Casa de Alice” (2007) de Chico Teixeira, “Crime Delicado” (2005) de Beto Brant, “Baixio das Bestas” (2006) de Cláudio Assis, “Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios” (2011) de Beto Brant e Renato Ciasca, e “O Som ao Redor” (2012) de Kleber Mendonça Filho.

No que diz respeito à chamada pós-retomada, não seria errôneo afirmar que o cinema nacional voltou a ocupar o lugar nobre nos festivais internacionais, além de aumentar a presença do público nas salas de exibição, e influenciou outras mídias a ponto de não se conseguir perceber uma distinção entre elas. Os filmes citados demonstram a possibilidade do meio-termo entre sucesso de público e crítica.

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