A santidade da Igreja

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Caros amigos, em meio a tendências racionalistas e secularistas da sociedade contemporânea, fomenta-se fortemente o questionamento sobre a santidade da Igreja. Discurso construído sobre o contratestemunho dado por alguns de nossos irmãos que mancham a imagem da comunidade cristã.

Este modo de pensar pode ser percebido na grande mídia e, lamentavelmente, até mesmo em alguns setores de dentro mesmo da Igreja. São muitas as vozes que pregam uma “Igreja pecadora”. Fato que contradiz as conhecidas quatro notas da Igreja que são: Una, Santa, Católica e Apostólica.

Diante desta realidade cabe-nos a seguinte reflexão: É possível atribuir à Igreja o qualificativo de “pecadora” sem violar a verdade de Deus, que a fundou? E, por outro lado, é possível considerá-la “Santa” sem sermos desmentidos pela história dos homens?

Em primeiro lugar, é necessário recordar que a Igreja não é uma simples invenção humana, ela nasceu do desejo de Jesus Cristo (cf. Mt 16,16-19). E, por isso, não pode ser considerada pecadora, pois, Deus sendo infinitamente bom não pode ser responsabilizado pelo que há de imperfeito.

Em segundo lugar, as acusações feitas contra a Igreja são fruto dos erros que seus filhos cometeram no passado e infelizmente cometem no presente. Apesar de todas as coisas saírem puras das mãos de Deus, o homem, ferido pelo pecado, afasta-se do bem.

A doutrina católica ensina que há no interior de toda pessoa humana uma tendência desordenada, que mesmo depois do Batismo conduz o homem “a falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa dum apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana” (Catecismo da Igreja Católica, 1849).

Porém, sempre que os cristãos pecam, eles não se afastam somente de Deus, mas também se distanciam da comunhão com os irmãos e, portanto, da Igreja. Assim, os membros pecam, ao ferirem a unidade do corpo eclesial.  Desta forma a Igreja não é, isenta de pecadores, mas sem pecado em sua natureza essencial.

O pecado aparece mais do que a virtude porque escandaliza, indigna, mancha e fere. Mas não podemos nos esquecer dos inúmeros benefícios gerados pelos filhos obedientes da Igreja para o mundo inteiro.

Não precisamos ir muito longe para encontramos testemunho de fé, esperança e caridade plantado por muitos de nossos irmãos na base de importantes instituições religiosas e seculares.

Poderíamos citar muitos exemplos, mas convido voltarmos nosso olhar para a vida de pessoas que no silêncio de sua entrega e trabalho ofereceram ao mundo um alívio em suas dores. Belo exemplo é o “Anjo Bom da Bahia”. A religiosa que será canonizada no próximo dia 13 de outubro, é um sinal visível da santidade da Igreja vencendo a contingência deste mundo. Como nos lembra o Papa Francisco: “Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo” (Gaudete et exsultate, 33).

Não podemos olhar para um fragmento descontextualizado, nos detendo às imperfeições. É preciso contemplar a Igreja dentro da obra salvadora de Cristo, só assim poderemos perceber toda sua beleza. Sejamos bons filhos da Igreja.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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