O dom da vida

segunda-feira, 22 de maio de 2017

O dom da vida

Caros irmãos, vivemos em tempos sombrios no que diz respeito à defesa da vida, desde o seu primeiro momento até seu fim natural. Sinais como o aborto, a eutanásia, o suicídio, as armas químicas e a ameaça de uma guerra nuclear são algumas das notícias que lemos nos jornais nos últimos meses. Também encontramos, nestas mesmas mídias, opiniões e argumentos contra e a favor em relação a todas estas práticas. Alguns dizem, inclusive, que a fé é a única voz impostada contra tais atrocidades.

É importante dizer que a fé é verdadeiramente uma luz que ilumina a razão em sua busca pela verdade, mas de nenhum modo “substitui” a razão. A fé não é e nem pode ser irracional, mas só é possível em seres racionais. Não é uma contradição da ciência, mas uma ajuda na autêntica pesquisa científica. A ciência também ilumina a inteligência humana e em nenhum dos casos citados pode ser cientificamente negado que se trata da “morte intencionalmente provocada de seres humanos". A justificação de qualquer uma dessas práticas é o que chamamos de “cultura de morte”.

Muitos eufemismos podem ser utilizados: interrupção da gravidez, questão de segurança nacional, controle populacional, contracepção, legítima defesa, bem comum, direitos do homem e até mesmo “misericórdia”. Mas a realidade é sempre a mesma: assassinato! Afirma o Concílio Vaticano II a este respeito: “Todas estas coisas e outras semelhantes são infamantes; ao mesmo tempo que corrompem a civilização humana, desonram mais aqueles que assim procedem, do que os que padecem injustamente; e ofendem gravemente a honra devida ao Criador”. (GS, 27)

São João Paulo II fala acerca deste “sentimento fratricida” em sua emblemática encíclica sobre o valor inviolável da vida humana, Evangelium Vitae: “Com o pecado, o homem revolta-se contra o Criador, acabando por idolatrar as criaturas: ‘Veneraram a criatura e prestaram-lhe culto de preferência ao Criador” (Rm 1, 25). Deste modo, o ser humano não só deturpa a imagem de Deus em si mesmo, mas é tentado a ofendê-la também nos outros, substituindo as relações de comunhão por atitudes de desconfiança, indiferença, inimizade, até chegar ao ódio homicida. Quando não se reconhece Deus como tal, atraiçoa-se o sentido profundo do homem e prejudica-se a comunhão entre os homens” (n. 36).

Deste modo, percebe-se que o zelo com a natureza começa com a adoração ao Criador e o cuidado com a vida humana, Sua imagem e semelhança. Fora desta lógica não há sentido na preservação do restante da natureza.

Dom Edney Gouvêa Mattoso,
Bispo Diocesano de Nova Friburgo

 

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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