Conservar a unidade

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Caros amigos, acompanhamos nos últimos dias discussões acirradas quanto às possíveis soluções para o crescente índice de violência no país. Estas opiniões tão diversas e por vezes tão apaixonadas acabam por ter como efeito a divisão da nação.

Diante disto é preciso, iluminados pela santa Doutrina, refletir e decidir por atitudes que façam prevalecer sempre a unidade, o bem comum e a dignidade humana.

A violência no país assume proporções epidêmicas, alastrando-se pelos mais diversos ambientes. É cada vez mais comum os relatos de ações hostis nas ruas e praças, nas cidades e no interior. Nem mesmo a família está isenta desta perversa realidade.

Para que seja possível a construção de um mundo pacífico se faz necessário refletir sobre os princípios morais, éticos e religiosos que conduzem a sociedade. Nunca se deverá esquecer que o dever da justiça e da caridade se cumpre sempre com a contribuição de todos em favor do bem comum e da dignidade da pessoa humana.

O Concílio Vaticano II afirma que “quanto mais o mundo se unifica, tanto mais as obrigações dos homens transcendem os grupos particulares e se estendem progressivamente a todo o mundo. O que só se poderá fazer se os indivíduos e grupos cultivarem em si mesmos e difundirem na sociedade as virtudes morais e sociais, de maneira a tornarem-se realmente, com o necessário auxílio da graça divina, homens novos e construtores duma humanidade nova” (Gaudium et spes, 30).

A Igreja, ciente de que a promoção da paz é parte integrante de sua missão neste mundo, ensina que “a paz é um valor e um dever universal e encontra seu fundamento na ordem racional e moral da sociedade que tem as suas raízes no próprio Deus. A paz não é simplesmente ausência de guerra e tampouco um equilíbrio estável entre forças adversárias, mas se funda sobre uma ordem segundo a justiça e a caridade” (Compendio da Doutrina Social da Igreja, 494).

O Papa Francisco, em uma de suas homilias no Tempo do Advento, chamou a atenção para a responsabilidade que cada um de nós tem na construção de um mundo novo. Devemos ser “artesãos da paz”. O Pontífice lembrou que onde há desunião e conflitos, não há espaço para a paz. Por isso, é necessário construí-la desde o mais íntimo do nosso coração. “Ela sempre vai avante, nunca está parada, é fecunda, começa na alma e depois volta à alma após fazer todo um caminho de pacificação” (04 dez. 2018).

Sem dúvida, a mensagem cristã, fundada no mais perfeito modelo de unidade e comunhão, a Santíssima Trindade, tem o poder de fazer todos os homens compreenderem que a unidade da família humana é a exigência natural da realização do bem comum.

Em Cristo, nos tornamos irmãos e herdeiros da promessa de um mundo novo, não como pessoas que vivem separadas pela discórdia ou oposição, mas unidas pelos mesmos sentimentos e pelo mesmo desejo de ver prosperar a paz, a justiça e a caridade.

Ensina o Apóstolo que “Cristo é a nossa paz. De dois povos, Ele fez um só. Na sua carne derrubou o muro da separação: o ódio” (Ef 2, 14). Somos chamados a afastar de nosso meio tudo o que nos desune sendo sempre solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz (cf. Ef 4,3).

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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