Vencido o prazo, obra no Lagoinha ainda não foi concluída e é alvo de críticas

Com prazo de entrega estabelecido em 90 dias, a obra ainda não foi concluída, o que está desagradando a comunidade, conforme constatado esta semana pela equipe de reportagem do jornal durante visita ao bairro.
quinta-feira, 16 de julho de 2015
por Flávia Namen
Iniciada em 16 de março pela Confia Construtora, a obra deveria ter sido entregue em 90 dias mas permanece inacabada (Foto: Lúcio César Pereira)
Iniciada em 16 de março pela Confia Construtora, a obra deveria ter sido entregue em 90 dias mas permanece inacabada (Foto: Lúcio César Pereira)
O que deveria ser uma obra para oferecer mais rapidez, conforto e segurança aos moradores do Lagoinha se transformou em alvo de críticas e preocupação para a comunidade. Estamos falando dos trabalhos de construção de pontes em dois trechos da Rua Bonfim, orçados em R$ 153.790,22 e iniciados em 16 de março pela Confia Construtora. Com prazo de entrega estabelecido em 90 dias, a obra ainda não foi concluída, o que está desagradando a comunidade, conforme constatado esta semana pela equipe de reportagem do jornal durante visita ao bairro. 

Espero que vocês nos ajudem a resolver esse problema. Os moradores estão cansados.

Maria das Graças Gomes

“Estamos sofrendo com essa obra inacabada e mal sinalizada, onde duas motos já caíram. A pista está desnivelada e perigosa para a passagem dos ônibus e carros mais pesados. Desde a semana passada não tenho visto ninguém trabalhando e a pista está afundando cada vez mais”, afirma Maria das Graças Gomes, moradora há mais de 40 anos do bairro. Ao ver a equipe do jornal, ela fez um apelo em tom de desabafo. “Espero que vocês nos ajudem a resolver esse problema. Os moradores estão cansados”, diz.

Sentimento parecido tem Renê Verly, nascido e criado no Lagoinha. “Nem terminaram as pontes e as pistas já estão afundando porque falta uma camada de concreto e o arremate. O bairro está todo enlameado por causa dessa obra que não acaba”, disse ele. O morador João Luis Nestor engrossa o coro dos descontentes com a obra: “Começaram a ponte e não terminaram até agora. O Lagoinha é um lugar muito bom e tranquilo de viver mas as coisas estão bem desarrumadas por aqui”, afirma ele. 

Dragagem do Córrego é reivindicada

Apesar de contar com uma atuante associação de moradores, o Lagoinha ainda tem problemas decorrentes da catástrofe de janeiro de 2011 como o assoreamento do Córrego dos Relógios e as condições precárias da Rua Antônio José Teixeira, que permanece interditada e sem calçamento. “Desde a tragédia só ouvimos promessas e quase nada foi feito no bairro. O córrego precisa ser dragado porque teve o seu curso alterado em 2011 e virou uma vala”, observa René.
Outra consequência da catástrofe pode ser vista em um outrora cartão-postal da cidade: o Clube Olifas, que teve a piscina e a área de lazer soterrados na época e permanece fechado desde então. Antes disso, o tradicional hotel já estava fechado assim como outro que era referência no bairro: o Hotel Floresta. Isso contribui para a decadência do Lagoinha, que já foi muito frequentado por turistas. “Acho que isso contribuía para que o bairro tivesse as ruas mais bem cuidadas e limpas”, disse uma moradora que preferiu não se identificar. 

Parquinho infantil viabilizado pelo presidente do Legislativo

A exemplo das reportagens anteriores realizadas no bairro, a comunidade continua sentindo falta de uma área de lazer. A quadra de esportes situada na praça principal, ao lado da Escola Municipal Anna Barbosa Moreira, continua tomada pelo mato. Também falta iluminação na área, já que os postes de ferro fundido permanecem quebrados.

Outra reivindicação antiga da comunidade é a instalação de um parquinho infantil na praça principal. Após anos de espera, o espaço foi viabilizado pelo presidente do Legislativo, Marcio Damazio, através de parceria com a Secretaria de Obras. “Os moradores do bairro Lagoinha precisam de qualidade de vida e bem-estar. O espaço público de lazer contribui para a ampliação das possibilidades de convivência e socialização. Estarei buscando parcerias para que a comunidade tenha a devida atenção que merece”, ressaltou Marcio.

Vale lembrar que os problemas do Lagoinha já foram mostrados em diversas reportagens veiculadas pelo jornal. As matérias destacam o descontentamento dos moradores com o estado de abandono do bairro desde janeiro de 2011. “O Lagoinha é um lugar excelente de morar, mas não tem recebido a devida atenção das autoridades depois da tragédia”, disse Renê.

Prefeitura responde as queixas mas não explica motivo do atraso

A redação de A VOZ DA SERRA solicitou a assessoria de imprensa da Prefeitura uma nota oficial sobre os problemas constatados no Lagoinha, como o atraso na entrega das pontes. Em relação ao fato, o órgão disse o seguinte: “De acordo com a secretaria municipal de Obras, semana passada a empresa instalou o guarda-corpo e concluirá a base para que a secretaria de Obras coloque o asfalto na cabeceira, na ponte e no trecho próximo.”

A viabilização do parquinho infantil por um representante do Legislativo também foi comentada na nota. “A secretaria de Esporte informou que o governo busca, constantemente, parcerias, e que enxerga como positiva essa parceria com a Câmara Municipal. O presidente da Câmara disse que a aquisição dos brinquedos foi através de doação de pessoa física e que a Câmara ajudará apenas na instalação, através de parceria com a Prefeitura.”

Quanto ao estado precário da quadra de esportes, a nota informa que “a prefeitura irá ao local para verificar a situação e tomar as providências que se fizerem necessárias.” Sobre a falta de iluminação, a nota diz: “De acordo com o setor de iluminação da secretaria de Serviços Públicos, o processo para a revitalização da iluminação da praça está no setor e será feito um completo levantamento para verificar como estão as condições dos postes, pois não se trata de apenas substituir as lâmpadas.”
O mau estado da Rua Antônio José Teixeira, que permanece interditada e sem calçamento desde a tragédia, também foi explicado na nota. “A Defesa Civil informou que algumas ruas estão em áreas de risco. Devido a isso, a secretaria de Obras não pode fazer nenhuma intervenção.”

Em relação à solicitação de dragagem no Córrego dos Relógios e construção de uma galeria de águas pluviais no local, a nota se limita a informar que: “Córregos e rios são de responsabilidade do Inea”.

A queixa referente à falta de limpeza e conservação do bairro foi outro ponto da nota. “De acordo com a secretaria de Serviços Públicos, a equipe esteve no bairro há um mês, efetuou limpeza, capina e desentupimento dos bueiros. No momento, a equipe está na Ponte da Saudade, mas retornará ao Lagoinha nos próximos 10 dias para realizar os referidos serviços”, conclui a nota.

  • Iniciada em 16 de março pela Confia Construtora, a obra deveria ter sido entregue em 90 dias mas permanece inacabada (Foto: Lúcio César Pereira)

    Iniciada em 16 de março pela Confia Construtora, a obra deveria ter sido entregue em 90 dias mas permanece inacabada (Foto: Lúcio César Pereira)

  • Alguns moradores acreditam que o fechamento do Clube Olifas e do Hotel Floresta contribuíram para o estado de abandono do bairro  (Foto: Lúcio César Pereira)

    Alguns moradores acreditam que o fechamento do Clube Olifas e do Hotel Floresta contribuíram para o estado de abandono do bairro (Foto: Lúcio César Pereira)

  • A comunidade também reivindica obras no Córrego dos Relógios e na Rua Antônio José Teixeira (Foto: Lúcio César Pereira)

    A comunidade também reivindica obras no Córrego dos Relógios e na Rua Antônio José Teixeira (Foto: Lúcio César Pereira)

  • A quadra de esportes permanece tomada pelo mato (Foto: Lúcio César Pereira)

    A quadra de esportes permanece tomada pelo mato (Foto: Lúcio César Pereira)

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