Urbanização desordenada ameaça o Cônego

Considerado seguro e organizado, bairro sofre com os efeitos do crescimento acelerado e sem planejamento
segunda-feira, 18 de março de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Urbanização desordenada ameaça o Cônego
Urbanização desordenada ameaça o Cônego

O ambiente de tranquilidade, segurança e organização do Cônego está sofrendo transformações. O crescimento demográfico acelerado do bairro esbarra na falta de infraestrutura para receber a quantidade elevada de novos condomínios em construção. O número de habitantes cresce e os problemas se acumulam. A urbanização sem o devido planejamento causa transtornos de ordem ambiental e social.

Ao caminhar pelo Cônego há alguns anos era possível observar casas cercadas pelo verde das matas em amplos terrenos. O cenário vem mudando e casas dão lugar a condomínios repletos de apartamentos. No entanto, a mesma estrutura que atendia a uma família está sendo utilizada pelos conjuntos habitacionais, causando transtornos e ferindo o meio ambiente. “Aqui no Cônego existe o tratamento de esgoto sim, mas as pessoas não utilizam. A estrutura e as construções não acompanham o crescimento do bairro. Estamos vivendo uma verdadeira profusão de condomínios”, observou um morador que preferiu não se identificar. 

O desmatamento em função da especulação imobiliária expulsa os animais do habitat natural e eles são vistos com frequência nas matas ciliares do Rio Cônego, adentrando algumas vezes nos jardins das casas da região.

LEI CONSIDERA OBRAS COMO DE IMPACTO AMBIENTAL

Para liberar a execução de obras que interfiram no meio ambiente é necessário que os responsáveis pelas construções obtenham as chamadas licenças ambientais. As principais diretrizes estão expressas na Lei 6.938/81, de 31 de agosto de 1981, e nas Resoluções Conama números 001/86 e 237/97, que entre outras determinações consideram impacto ambiental “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais”. 

Além dessas, recentemente foi publicada a Lei Complementar número 140/2011, que discorre sobre a competência estadual e federal para o licenciamento. As normas estabelecidas na Resolução 237/1997 foram ratificadas sem maiores alterações, permanecendo o sistema único de licenciamento pelos órgãos executores do Sistema Nacional de Meio Ambiente.

ESGOTO E LIXO NO RIO CÔNEGO

Paralelo ao crescimento desordenado do bairro, alguns moradores parecem não estar preocupados com as consequências da agressão ao meio ambiente. Na Rua Francisco Cabral, por exemplo, foram construídas algumas janelas entre o muro que separa as casas e as margens do Rio Cônego e o lixo é arremessado diretamente dentro do rio. Outro grave problema é o depósito de esgoto no rio, através dos diversos canos direcionados para o local. No inverno, o assoreamento provoca a proliferação de mosquitos e cheiro forte, que incomoda aos moradores.

As chuvas amenizam a situação, mas causam outros tipos de transtornos. A areia das inúmeras construções desce pelo leito do rio e torna a água barrenta. A urbanização sem o devido planejamento começa a refletir no dia a dia da população local. “Claro que tudo nos incomoda. No meu condomínio, por exemplo, nós tratamos o esgoto para depois dispensá-lo no rio. É uma pena que nem todos procedam dessa mesma forma”, lamentou um morador.

 

CONCESSIONÁRIA PLANEJA A CONSTRUÇÃO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO NOS BAIRROS

A reportagem de A VOZ DA SERRA procurou a Concessionária Águas de Nova Friburgo, que disse estar ciente do crescimento dos bairros Cônego e Cascatinha e afirmou que tem realizado diversos investimentos, estando projetando novas obras para os locais, como válvulas redutoras de pressão para regular a força da água que chega às casas dos moradores. Em relação ao abastecimento de água, a concessionária garante a instalação da Estação de Tratamento de Água do Cascatinha até o fim deste ano.

Quanto aos problemas relacionados ao esgotamento sanitário, a empresa informou que está em fase de negociação para obtenção de um terreno no Cônego onde será construída a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do bairro. A rede de interceptação de esgoto e obras da ETE Cônego devem ser finalizadas até o fim de 2014. 

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente também foi procurada, mas não se pronunciou até o fechamento desta edição. 

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TAGS: Esgoto | Lixo | ETE
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