Unidades de Proteção Comunitária viram alvo de vândalos e usuários de drogas

Fechados há mais de seis meses, contêineres serviam de base de apoio para população de áreas de risco
terça-feira, 27 de setembro de 2016
por Karine Knust
Unidades de Proteção Comunitária viram alvo de vândalos e usuários de drogas

Os contêineres laranjas instalados em diversos localidades consideradas áreas de risco em Nova Friburgo permanecem abandonados. Desativadas há pelo menos sete meses, as chamadas Unidades de Proteção Comunitária (UPCs) foram desocupadas após o governo estadual divulgar que o projeto seria remodelado devido à crise financeira. 

De acordo com a Defesa Civil do município, apenas uma estrutura foi retirada até então, no bairro Jardinlândia, mas isso porque o proprietário do terreno onde ela estava instalada precisava do espaço e a desmontou por conta própria.   

A VOZ DA SERRA visitou alguns locais onde estão instalados os contêineres. Na maioria dos casos, como nos bairros Vilage, Córrego Dantas e Duas Pedras, as estruturas estão em bom estado. No entanto, segundo moradores, os espaços têm sido utilizados para consumo de drogas. Na UPC em Duas Pedras, por exemplo, há vãos entre a base de concreto e a estrutura de ferro, que servem para esconderijo de entorpecentes, segundo os moradores. 

Ainda no mesmo local, um corredor entre a parede da UPC e um muro também tem sido alvo de queixas. “Constantemente vemos jovens escondidos nesse vão e em atitude suspeita. É um perigo para a gente que mora por aqui, para os estudantes da escola em frente e para os que passam pela calçada. Mas, infelizmente, se não desmontaram até agora, acho difícil retirarem”, afirma uma moradora do bairro que preferiu não se identificar. 

Situação mais preocupante se observa na UPC instalada na Rua Feliciano Benedito da Costa, em São Geraldo. Isso porque, em julho deste ano, o local foi arrombado e completamente destruído por vândalos. As portas e janelas foram arrancadas, as paredes em PVC e isopor foram derrubadas, o vaso sanitário e pia quebrados. Além disso, ainda furtaram os disjuntores de energia. 

As UPCs começaram a ser instaladas há três anos em Nova Friburgo e nas principais cidades afetadas pela tragédia climática de 2011. Ao todo, foram 42 contêineres espalhados por quatro municípios, em bairros considerados de risco: Nova Friburgo (20), Petrópolis (10), Teresópolis (10) e Bom Jardim (2).  

A devolução desses contêineres, de acordo com o governo estadual, gerou uma economia de R$ 1,3 milhão por ano aos cofres públicos, já que cada UPC custava R$ 2.664,65 por mês. Em Petrópolis, uma das UPCs foi invadida por traficantes e usuários de drogas, causando apreensão à população. A administração municipal removeu o equipamento, que está guardado na sede da Companhia de Desenvolvimento da cidade, até que o destino seja decidido.

Segundo o governo do estado, cabe à empresa terceirizada a retirada das estruturas. A reportagem tentou entrar em contato com a BRGS Brasil, empresa responsável pelos contêineres, mas novamente não conseguiu completar as ligações telefônicas. 

A Secretaria de Defesa Civil de Nova Friburgo reafirmou que a desmontagem das unidades é de responsabilidade da empresa terceirizada e que não pretende realizar a ação. A Secretaria estadual de Defesa Civil  informou que propôs o remodelamento do projeto das UPCs em que os agentes comunitários seriam realocados em locais indicados pelas defesas civis dos municípios, como escolas, por exemplo, mas nenhuma prefeitura mostrou interesse em dar continuidade.  

Fim dos contratos

A crise também causou outros efeitos no trabalho da Defesa Civil nas comunidades. Isso porque, de acordo com a pasta, todos os agentes comunitários do município não tiveram seus contratos renovados pelo estado. Segundo o secretário de Defesa Civil de Friburgo, coronel João Paulo Mori, o motivo também seria a dificuldade financeira. 

“Infelizmente os contratos venceram e o estado não prorrogou. O que temos agora são alguns agentes voluntários que se dispuseram a ajudar em caso de urgência”, afirmou Mori. 

Os mais de 60 agentes comunitários locais eram responsáveis pelo cadastramento de lideranças, mapeamentos das comunidades, divulgação de orientações e informações à população, planejamento de simulados operacionais, entre outras ações que proporcionavam integração entre a Defesa Civil e a população residente nas áreas de risco.

Foto da galeria
(Foto: Henrique Pinheiro)
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