Uma ponte para lugar algum

No início deste ano, o governo do estado deu início a obras de reconstrução de pontes em bairros afetados na tragédia de janeiro de 2011. Em Córrego Dantas, por exemplo, duas pontes já foram concluídas e estão sendo utilizadas pela população local. No entanto, a obra da Córrego Dantas III — uma das pontes de acesso — reserva um fato curioso. Com uma verba orçada em mais de R$ 1 milhão, a construção tem o objetivo de ligar as ruas Santana do Livramento e a Alexandre Bachini — mas alguns moradores da localidade alegam que a ponte não está posicionada em direção à rua, e sim a um terreno particular. Exatamente, ao acessar a Rua Alexandre Bachini para subir a ponte, o motorista vai sair em um terreno tomado pela vegetação que pertence a um morador que reside na rua de cima. A equipe do jornal A VOZ DA SERRA entrou em contato com as empresas e órgãos responsáveis pela obra. 

Em resposta, a Secretaria Municipal de Obras informou: "A obra é de responsabilidade do DER. Representantes do DER estão em conversa com representantes do Inea sobre a questão de que a ponte desembocará em um terreno particular, embora o local, a partir da catástrofe de 2011, tenha sido transformado em Parque Fluvial. Caso o Inea confirme que esse terreno ainda não foi desapropriado, deverá ser feita essa desapropriação. Sobre prazo, a Secretaria de Obras do município ainda não pode se posicionar”.

A empresa Mega Engenharia Ltda., responsável pelo projeto, enviou-nos a seguinte resposta: "Solicitamos que entrem em contato com a residência do DER-RJ - Friburgo (responsável pela obra em questão), que poderá tirar as dúvidas de VSª Senhoria em relação a prazo de obra e locação da mesma”.

Em contato com o Departamento de Estrada de Rodagem recebemos o seguinte retorno: "Parte do acesso à ponte vai passar por um pequeno trecho de um terreno particular, sim. O Departamento de Estradas de Rodagem informa que o local escolhido para a construção da nova ponte sobre o Córrego D’Antas III, no município de Nova Friburgo, passou por um complexo estudo técnico que determinou o ponto exato onde a estrutura deveria ser erguida. O órgão informa que a ponte vai ser entregue aos moradores e usuários dentro de 30 a 45 dias”.

Enviamos e-mails para o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para ter informações sobre a suposta desapropriação e transformação do local em Parque Fluvial, mas até o fechamento desta edição não  obtivemos resposta. Também entramos em contato com o Ministério Público com intuito de saber se existe alguma denúncia de atraso nesta obra, algum processo em andamento ou se algum termo de ajustamento de conduta foi firmado para prorrogar o prazo da construção, mas também não obtivemos resposta. 

Estivemos no local para conversar com o proprietário do terreno, mas ele não se encontrava lá.