Uerj: data de início das aulas segue indefinida

Incerteza está ligada ao descumprimento de obrigações legais e orçamentárias por parte do governo
quinta-feira, 30 de março de 2017
por Karine Knust
Diretor do IPRJ, professor Ricardo Barros, participou da reunião da última quarta-feira
Diretor do IPRJ, professor Ricardo Barros, participou da reunião da última quarta-feira

A data de início das aulas na Uerj permanece indefinida. A informação foi divulgada pela Reitoria da instituição após reunião com o Fórum de Diretores das Unidades Acadêmicas da Uerj, nesta última quarta-feira, 29. Em nota oficial, a universidade afirmou o desejo de iniciar as aulas integralmente, mas deixou claro que ainda não há condições para tal devido ao cenário de extrema restrição de recursos materiais e humanos, além de precária condição de infraestrutura no que diz respeito a limpeza, coleta de lixo, manutenção, dentre outros, em todos os campi da Uerj.

Além da falta de infraestrutura, a reitoria da universidade afirmou ainda que o governo do estado segue descumprindo suas obrigações legais e orçamentárias com a instituição. Ainda segundo a Uerj, as negociações com as empresas terceirizadas, prestadoras de serviços básicos, avançaram bastante na última semana. No entanto, ainda resta regularizar os pagamentos das bolsas dos estudantes cotistas (Bolsa Permanência), que atendem a quase 40% dos alunos da graduação e alguns da educação básica. Sem contar com a necessidade de apresentação à Universidade de calendário de pagamento de salários e das diversas modalidades de bolsas, que de acordo com a instituição permanecem em atraso.

As empresas terceirizadas permanecem atendendo a unidade, mas isso de forma muito reduzida. No campus de Nova Friburgo, por exemplo, apenas um funcionário é responsável por fazer a limpeza de todo o prédio. Na nota, a Uerj esclareceu que a universidade não está fechada. Muitas de suas atividades de pesquisa, de ensino e de extensão permanecem em funcionamento.

Na semana passada, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) causou polêmica ao pedir o corte salarial dos professores em 30% por considerar que os docentes estavam em greve. O Tribunal de Justiça, entretanto, discordou e expediu liminar proibindo a ação, afirmando que a "precariedade" da universidade impedia as aulas e não a vontade dos professores.

“Continuamos trabalhando, aguardando o cumprimento das obrigações pelo governo para com a nossa universidade. Discordamos da imposição do governo do estado que, sob diversas formas de ameaça, exige que trabalhemos sem as condições mínimas materiais e salariais, devidamente regularizadas, o que nos atinge, de frente, em nossa dignidade. Pedimos a compreensão da comunidade universitária e da sociedade em geral”, afirma reitoria em trecho da nota oficial.

Os alunos de graduação da Uerj estão sem aula desde janeiro, quando encerraram o primeiro semestre letivo ainda de 2016, com um ano de atraso. A nova reunião entre Reitoria e Fórum de Diretores está agendada para a próxima segunda-feira, 3 de abril, para avaliar novamente as condições para início das aulas.

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TAGS: UERJ | Crise
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