Tempo de reciclagem

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
por Jornal A Voz da Serra

O SÍMBOLO da reciclagem é formado por três setas, fazendo referência a um ciclo: a primeira seta representa a indústria, que fabrica um produto; a segunda, faz menção ao consumidor, que consome este produto; a terceira seta representa o retorno do produto ao ciclo produtivo, revalorizado por meio da reciclagem. Mas o símbolo, até hoje, não tem ganhado a sua devida importância dado ao tamanho desperdício de materiais que vão parar nos aterros sanitários.

ESTUDO realizado pelo Ministério das Cidades revela que o Brasil produz diariamente mais de 240 mil toneladas de lixo, sendo que mais de 40% desse total, ou seja, cerca de 100 mil toneladas/dia são despejadas em aterros a céu aberto, situação que configura a triste realidade da maioria das cidades brasileiras, uma vez que apenas 8% dos 5.565 municípios adotam programas de coleta seletiva.

MESMO TENDO criado uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em 2010, o Brasil não consegue fazer com que seus gestores municipais e estaduais dotem os municípios não apenas de aterros sanitários, mas, sobretudo, de programas de coleta seletiva para permitir que a maior parte do lixo acabe reciclado.

 ALÉM DA agressão ao meio ambiente, ao abrir mão da política ecologicamente correta da coleta seletiva, o Brasil perde cerca de R$ 10 bilhões todos os anos por deixar de reciclar os resíduos que poderiam ter outro fim, mas que são encaminhados aos aterros e lixões das cidades. Significa que o dinheiro perdido anualmente seria capaz, em um prazo de dez anos, construir aterros sanitários em todos os municípios.

QUE BOM seria se grande parte de tudo o que é utilizado fosse reciclado. Mas a realidade não é essa. O único material que, segundo pesquisas, chega a 97% de embalagens recicladas é a das latinhas de alumínio, considerado o "ouro" da reciclagem.

 ESSE ELEVADO índice de reciclagem que o país apresenta no setor de alumínio lamentavelmente não é fruto de políticas de desenvolvimento sustentável ou de consciência ambiental, mas de um fator exclusivamente social, já que milhares de famílias encontram nas latinhas uma fonte de complemento de renda. Isso demonstra que pelo fator de sobrevivência a reciclagem fala mais alto no país do que pela consciência ambiental.

EM SETEMBRO chega ao fim o prazo de 20 anos da concessão dos serviços de coleta e destinação final do lixo em Nova Friburgo. No ano do bicentenário, seria altamente positiva a fixação de novas políticas ambientais, incluindo aí a tão desejada reciclagem do lixo friburguense.

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