Teatro Municipal recebe monólogo ‘Frida Kahlo – A Deusa Tehuana’

​Espetáculo que contém fragmentos verídicos da história da pintora está em cartaz nesta sexta e sábado
quinta-feira, 06 de abril de 2017
por Dayane Emrich
(Foto: Renato Mangolin/Divulgação)
(Foto: Renato Mangolin/Divulgação)

“Vocês não estão achando que eu sou ela, não é?”  É com essa pergunta, interpretando Dolores Olmedo Patiño — a principal rival de uma das maiores artistas mexicanas —, que a atriz e dramaturga Rose Germano abre “Frida Kahlo – A Deusa Tehuana”. O espetáculo estará em cartaz nesta sexta-feira, 7, e no sábado, 8, às 20h, no Teatro Municipal Laercio Ventura, no Suspiro, no centro de Nova Friburgo.

Inspirada em poemas, cartas e pinturas da artista, a peça dirigida por Luiz Antonio Rocha desconstrói Frida, que além da personalidade forte, enorme sensibilidade sob a tela e dona de uma história de vida singular, é, acima de tudo, mulher. “Este é um espetáculo diferente, que realmente sai do biográfico. São recortes da vida da artista. Nós escrevemos os textos, que são livremente inspirados na obra dela, mas que têm como objetivo ir mais fundo.”

É o que conta Rose: “Queríamos ir além da imagem de militante, revolucionária, panfletária e pop star. Embora o título do espetáculo trate Frida como ‘Deusa’, o que trazemos é a Frida humana, uma mulher que sente dor, chora, sofre, que quer ser mãe e que ama demais”, pontua ela.

O diretor explica ainda que tudo considerado óbvio sobre a vida da mexicana foi retirado da trama. A ideia era realizar algo inovador sobre a personalidade da artista e não uma mera narrativa de sua história. “Queria justamente algo que não estivesse nos registros oficiais da história. Durante o espetáculo, revelamos ao público, por exemplo, que após a morte de Frida, Diego Rivera [seu marido] descobre que tem câncer. Em seu testamento, ele pede a Dolores para ser cremado e ter suas cinzas colocadas junto às de Frida. Desejo este que não foi cumprido pela marchand, já que ele foi enterrado em um cemitério para celebridades”, conta Luiz.

O diretor revela ainda que o processo de criação do espetáculo demorou cerca de oito meses. “A nossa ida ao México foi de suma importância para o levantamento de todos estes fatos. Lá, conhecemos o caminho que ela fazia para chegar até em casa, as ruas que percorria, entre outros detalhes”. Ao Sul do país, na cidade de Oaxaca, Luiz adquiriu as roupas e os acessórios usados na peça, dando ainda mais autenticidade ao monólogo.

Questionado sobre o ponto alto da apresentação, Luiz destaca que, em sua segunda temporada, o espetáculo ganhou uma cena nova, onde aborda a carta de Frida ao presidente. “A carta é muito forte. Parece que foi escrita hoje e cabe perfeitamente ao momento político vivido pelo Brasil. Foi uma resposta de Frida à censura do governo a um mural pintado por Diego, pelo fato de conter a frase ‘Deus não existe’”.

Repercussão

Considerado uma representação mais humana de Frida, comparado a outras obras, o espetáculo — que vem sendo destaque no meio cultural — recebeu elogios do ator, autor e diretor brasileiro Lionel Fischer. “Luiz Antonio Rocha impõe à cena uma dinâmica essencialmente corajosa... Afora o fato, naturalmente, do encenador criar marcas muito expressivas e explorar com grande sensibilidade todas as possibilidades da bela cenografia de Eduardo Albini. No tocante à performance de Rose Germano, estamos diante de uma atriz que reúne uma série de preciosos predicados, tais como forte presença cênica, grande carisma, voz poderosa, impecável, trabalho corporal e notável capacidade de entrega”, afirma.

O crítico teatral Rodrigo Monteiro definiu o monólogo como uma abordagem madura. “Coesa e coerente, Rose Germano apresenta suas personagens com uma tez dura, com expressões que pouco se alteram e com movimentos que aparecem com dificuldade. Em seu trabalho, o mais interessante é observar como sua interpretação evita o drama latino e o exagero que superficialmente a estética de Frida Kahlo poderia supor.”

Os ingressos, no valor de R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia), estão à venda nos seguintes pontos: Alquimia, Cadima Shopping - 2º piso; Contém 1g, Rua Portugal; Chateau Vinhos; Globo Presentes; e na bilheteria do teatro, a partir das 16h, no dia do evento. Vale destacar que, para estudantes e idosos maiores de 60 anos, é obrigatória a apresentação de documento comprobatório da condição na portaria do teatro. A peça tem duração de 70 minutos e classificação de 16 anos. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (22) 2523-3501 ou através do site www.imultipla.com.br.

Doação de ingressos

Com o objetivo de incentivar o hábito de ir ao teatro, a secretaria municipal de Cultura vai doar 150 ingressos para membros de ONGs de Nova Friburgo e alunos da rede pública de ensino, matriculados em escolas que fazem parte do projeto “Eu faço cultura”.

De acordo com a pasta, as instituições que ainda não possuem cadastro podem se inscrever através do site www.eufacocultura.com.br, informando se é pessoa física ou jurídica, ONG ou escola pública. Logo após preencher os dados do formulário, é necessário solicitar os ingressos (número limitado). “Depois o solicitante deverá preencher e assinar com carimbo do responsável pela escola e encaminhar o documento de volta ao site. Junto com a confirmação será enviado o número de vouchers correspondentes aos ingressos liberados, que devem ser impressos”, informou a secretaria.

Para trocar os vouchers por ingressos é necessário ligar para a Múltipla Cultural (022-99801-2852 ou 2523-3501), e informar a quantidade de vouchers liberados para a troca pelos respectivos ingressos. Os mesmos serão levados por um membro da Múltipla Cultural, organizadora da peça, até a escola, mediante recebimento dos respectivos vouchers.

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