Solidariedade em toneladas de alimentos

Legumes, verduras e frutas são doados todos os dias por produtores e comerciantes para instituições e famílias carentes em Nova Friburgo
sábado, 19 de setembro de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Comerciantes da feira de Olaria doam para o Laje alimentos que não são vendidos nos domingos
Comerciantes da feira de Olaria doam para o Laje alimentos que não são vendidos nos domingos

Todos os dias, os idosos atendidos pelo Lar Abrigo Amor a Jesus (Laje) se alimentam com legumes, verduras e frutas doados por produtores rurais e comerciantes de Nova Friburgo. Os produtos que não são vendidos em feiras e quitandas da cidade são reaproveitados pela instituição, que atende cerca de 80 homens e mulheres que já chegaram à terceira idade.

“Aos domingos, por volta do meio-dia, enviamos um caminhão até a feira de Olaria e dois funcionários pegam as doações que já foram separadas pelos feirantes. Os alimentos são trazidos para o Laje e é feita a separação do que pode ser aproveitado para o consumo”, contou o presidente da instituição, Rogério Alves da Silva. Ele explica ainda que no dia seguinte, na segunda-feira, um grupo de cerca de 20 voluntários lavam, cortam, embalam e armazenam os alimentos no abrigo de idosos. “As folhas também são lavadas e esterilizadas. Durante a semana, geralmente nas quartas-feiras, nós também recolhemos alimentos na feira da Vila Amélia”, acrescentou Rogério. As doações reduzem os custos de manutenção da casa.

O reaproveitamento de alimentos também é feito por redes de supermercados. A rede Casa Friburgo, por exemplo, tem cerca de 300 funcionários que consomem durante as refeições legumes e frutas que não serão vendidos em suas lojas. “Um tomate que está um pouco amassado é reutilizado no preparo da comida. Um saco de arroz que estourou e, portanto, estará impróprio para venda também é aproveitado pelas cozinheiras do nosso refeitório”, contou o gerente Leonardo Aguiar.

A filial do hipermercado Extra no município também adota medidas para reduzir o desperdício de alimentos que seriam vendidos pela rede. O hipermercado tem um módulo de gôndola onde os itens com data próxima do vencimento (geralmente com 2/3 do tempo) são expostos de forma diferenciada com a intenção de atrair o consumidor, em virtude do preço, que pode chegar à redução de 40%. “Além disso, a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Nova Friburgo retira doações na loja e aproveita quase que diariamente os “alimentos feios” do setor de frutas, legumes e verduras”, esclareceu a empresa.

Além das tradicionais feirinhas da cidade, alguns produtores e comerciantes doam, por meio da unidade da Ceasa, na localidade  de Conquista, distrito de Campo do Coelho, alimentos para pelo menos 18 instituições, beneficiando cerca de três mil pessoas em Nova Friburgo. Muitas dessas famílias que recebem os alimentos estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica na cidade. Segundo registros da Secretaria Municipal de Assistência Social, Direitos Humanos e Trabalho, são pelo menos 2.354 pessoas extremamente pobres na cidade.

“Os produtos doados para o programa Banco de Alimentos da Ceasa passam por um processo de seleção e processamento, quando necessário. Além de Friburgo, nos seis primeiros meses deste ano foram doadas 220 toneladas de alimentos, beneficiando pelo menos 21.396 pessoas em todo o estado”, informou a Ceasa.

FAO quer reduzir desperdício de alimentos no Brasil

Apesar de algumas iniciativas de doação e de reaproveitamento, o Brasil perde sete milhões de toneladas de frutas e seis milhões de toneladas de hortaliças, por ano, enquanto cerca de 10 milhões de brasileiros ainda passam fome. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estuda a criação de uma rede em torno da cadeia produtiva de alimentos para conter o desperdício no país.

Segundo o engenheiro agrônomo da Embrapa Indústria de Alimentos, Murilo Freire, o problema ocorre em toda a cadeia produtiva. Os produtos são desperdiçados porque ou estão fora do prazo de validade ou não foram consumidos por serem identificados como malformados ou fora do padrão estabelecido pela legislação do Ministério da Agricultura. A meta do comitê é montar uma rede na região para diminuir as perdas na produção desses alimentos.

“O desperdício ocorre quando o alimento produzido é jogado fora, ou seja, ele não chega a quem necessita”, disse Freire. Um exemplo disso, segundo o engenheiro, é o caso dos “frutos feios”, que não são padronizados nem têm um apelo de venda comercial elevado, mas têm as proteínas, vitaminas e sais minerais de um produto normal. Esse é o desperdício. “São alimentos produzidos, mas não usados”, disse.

Foto da galeria
Apesar das iniciativas de doação e reaproveitamento, o Brasil ainda perde, por ano, 13 milhões de toneladas de alimentos, entre frutas e hortaliças
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