Setembro Amarelo: um alerta para a prevenção ao suicídio

Em um ano, casos dobraram em Nova Friburgo; tabu e falta de diálogo sobre o tema é um dos maiores desafios da sociedade
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
por Karine Knust
Setembro Amarelo: um alerta para a prevenção ao suicídio

O Brasil é o oitavo país com maior número de casos de suicídios no mundo. Em 2012, foram registrados 11.821 casos. Os dados são do relatório da Organização Mundial de Saúde, divulgado em 2014. Considerado tabu por muitos, o aumento gradativo dos atentados contra a própria vida se revela cada vez mais alarmante. 

Ainda segundo o levantamento da OMS, mais de 800 mil pessoas cometem suicídio por ano no mundo, o que representa uma morte a cada 40 segundos. Para cada caso fatal há pelo menos outras 20 tentativas fracassadas. O maior número de casos acontece entre idosos com mais de 70 anos e jovens de 15 a 29 anos. 

Em Nova Friburgo, de acordo com a Polícia Civil, o número de suicídios dobrou em relação ao ano passado. De 1º de janeiro a 20 de setembro de 2015 a 151ª DP registrou cinco casos de suicídio. Este ano, foram dez no mesmo período. 

Para o psicólogo Genaldo Dantas Neto, uma das maiores causas que levam ao suicídio é a dificuldade de falar e lidar com problemas. “O suicídio, na grande maioria das vezes, nada mais é do que uma tentativa de fala. A pessoa não comete o ato porque quer se matar e sim porque quer se livrar de um problema, mas não consegue enfrentá-lo. E a dificuldade de se expressar pode potencializar o sofrimento. É preciso que as pessoas se conscientizem da importância de falar”, analisou. 

Para conscientizar e alertar a população sobre a importância de buscar-se a prevenção do suicídio, foi criada a campanha Setembro Amarelo. No Brasil, a mobilização acontece desde 2014 com a identificação de espaços públicos e particulares com a cor amarela e a divulgação de informações. 

Mitos e verdades sobre o suicídio

Em um tema ainda considerado tabu, a existência de diversos mitos que o envolvam é bastante comum, principalmente no que diz respeito ao comportamento. Com o intuito de desmistificar e incentivar o conhecimento do problema, A VOZ DA SERRA destaca alguns mitos que permeiam o tema, listados pela Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio. Confira:

Mito - Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida. 
Verdade - O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco.

Mito - Se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em suicidar-se, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o problema já passou. 
Verdade - Se alguém que pensava em cometer suicídio parece tranquilo não significa que o problema já passou. Uma pessoa que decidiu suicidar-se pode se sentir “melhor” ou aliviado simplesmente por ter tomado a decisão de se matar.

Mito - Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.     
Verdade - Um dos períodos mais perigosos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no hospital, na sequência de uma tentativa. Este é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada.

Mito- Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco.         
Verdade - Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.

Unimed adere à campanha de prevenção

Durante todo este mês, diversas instituições têm aderido à campanha de prevenção ao suicídio no país. O Hospital Unimed Nova Friburgo é uma delas. Além de usar uma fita amarela, a equipe de profissionais da unidade recebeu material educativo e participou de rodas de conversa sobre os dados epidemiológicos, fatores de risco e formas de prevenção. 

“Precisamos falar mais sobre o suicídio e o Setembro Amarelo é um modo de ajudar a dar voz a esse assunto. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, nove em cada dez casos poderiam ser evitados. É necessário a pessoa buscar ajuda e atenção de quem está à sua volta”, afirma a psicóloga da Unimed, Karla Magalhães, uma das responsáveis pela iniciativa.

 

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