Sensação de impotência e medo. Chega! É hora de reagir!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Todos nós, friburguenses, passamos de uma forma ou de outra pela terrível experiência do fatídico dia 12 de janeiro. Madrugada em que a natureza cobrou sua conta e quando Friburgo amanheceu sobre o domínio da desolação, do medo e da impotência diante da constatação de que a natureza tão admirada pode ser intempestiva e até nos parecer cruel.

Podemos e devemos encontrar razões e lições para o evento, como o aquecimento global que tenderá a aumentar a precipitação de chuvas, o mau uso que temos feito do solo e encostas, a falta de planejamento urbano e até algumas graves permissividades cometidas tanto pela população quanto pelas autoridades. Certamente entendemos também, o quanto a topografia de uma cidade serrana pode ser ingrata para o crescimento urbano, mas quando esse crescimento urbano se dá de forma desordenada, então, as catástrofes são praticamente anunciadas. Sim. Sem duvida temos muito em que pensar e aprender com o dia 12 de janeiro.

Mas dentre todas as lições que podemos tirar desse evento, as mais difíceis são as lições e aprendizados pessoais, de cada um de nós que teve perdas não só materiais, mas perdas emocionais importantes.

Toda perda emocional é importante e toca cada um de forma diferente. Mas, a forma mais nefasta que qualquer um de nós pode deixar que a perda emocional assuma, é a forma do medo.

O medo é conseqüência de pensamentos de impotência diante de um evento. E quando se fala de medo, não importa o tamanho do evento, pois a proporção que podemos dar a ele, é pessoal, e depende do quanto cada um se sinta pequeno diante do evento.

Isso, o sentimento de medo e impotência, acontece porque nos sentimos inseguros quanto ao nosso poder e atribuímos uma força e um poder imensos a situação que estejamos vivendo, nos sentindo assim, pequenos, frágeis e impotentes. Quanto mais pensamos dessa forma, mais perigoso se torna esse monstro – o medo - aos nossos olhos! Ao nos sentirmos fracos e impotentes dessa forma, tudo à nossa volta pode nos causar medo, pois achamos que qualquer coisa terá mais poder do que nós!

Como o medo é um sentimento que pode ser bastante irracional, pode não adiantar tentar apenas raciocinar sobre nossa própria condição, pois por vezes, a pessoa que se sente impotente reconhece que seus medos possam até ser exagerados ou infundados, sem uma base lógica, e que na verdade ela tem mais poder do que possa supor para lidar com a situação. Porém isso parece que não lhes serve de alívio quando diante do terrível sentimento de medo.

Então, o que funcionaria? Como lidar com o medo?

O que parece funcionar nessa situação não é apenas raciocinar, pensar a respeito dos medos e do poder que estamos atribuindo à situação, embora isso seja uma fase importante do processo, mas após isso, fazermos exatamente o contrário, que é sentirmos, percebermos e pensarmos a respeito do nosso poder!

É o poder pessoal que temos, nossa força de ação, colaboração e aprendizado que deve ser o foco de nossa atenção, e não o medo e a impotência!

Se nos mantivermos presos e pensando a respeito do medo que temos diante de nossa possível fragilidade, ele, o medo, estará ali, presente o tempo todo em nossa mente e em nossas atitudes!

Quando digo em meus livros que precisamos focar nossa atenção em nosso poder pessoal, digo que você só poderá encontrá-lo dentro de si quando começar a retirar sua atenção e pensamentos do externo, do mundo que pode ser cruel, do \”monstro\” que possa ter criado em sua mente, e passar a colocar sua atenção em si, no seu poder de escolha, em seu eu que tem a força necessária para mover montanhas junto com as pessoas que estão à sua volta! É ver que é você quem tem a força e o poder de clarear sua visão, de olhar para os aprendizados, de agir dentro de seus talentos e olhar as pessoas à sua volta não como companheiros de dor, mas como companheiros de força, união e respeito, com os mesmo objetivos que os seus: Crescerem como seres humanos, como família e como cidadão de uma sociedade!

Dessa forma, verá o quanto o medo e a suposta impotência são apenas monstros imaginários que não podem fazer qualquer mal real, a menos que você mesmo permita.

Somos nós que permitimos esse \”monstro\” ter essa forma! Nós nos enxergamos como pequenas formiguinhas. Criamos tanto o monstro, quanto a formiguinha. E ambos são projeções e fantasias de nossa mente!

Vamos nos negar a ver a nossa força como a de formiguinhas frágeis, isoladas e esmagadas por um evento! Podemos, ao invés disso, nos ver como formiguinhas integradas, que fazem parte de um formigueiro inteiro! Formigas que podem e trabalham em conjunto para o bem de todos! E isso pode e deve acontecer tanto dentro dos pequenos núcleos familiares, quanto dentro de toda nossa sociedade!

Por isso, antes de qualquer coisa, procure agora, neste momento, decidir que quer e vai encontrar essa força que está em seu interior!

Algumas pessoas conseguem enxergar mais facilmente a bênção de estarem vivas, mesmo tendo sofrido perdas imensas. Essas pessoas conseguem perceber o poder que têm de reconstruir e recomeçar de uma forma mais positiva, aprendendo com seus possíveis erros anteriores e construindo uma nova realidade, baseada na força de valores mais poderosos e constantes que é a solidariedade, responsabilidade, inclusão, respeito, compreensão, amor e cooperativismo. São pessoas que percebem que não são ilhas isoladas do todo, e que em tudo existe a troca e participação de todas as pessoas que estão à sua volta, além de perceberem que suas atitudes sempre vão atingir de alguma forma, seja positiva ou negativamente, a outros também, além de si. Essas pessoas entendem que cabe a ela, a responsabilidade de suas escolhas. Seja uma dessas pessoas! Esse é o principio do poder e força pessoal que se reflete em uma família e em uma sociedade.

Lembre-se de que o problema não está no tamanho do monstro que você criou, mas no tamanho da formiguinha que você pensa ser!

Não olhe para o monstro, transforme a formiguinha, vendo o ser poderoso que existe em você!

Sinta em si e participe com cada gesto, cada pensamento e sentimento, do todo que somos nós, bravos cidadãos de nossa amada Nova Friburgo!

Vera Calvet – escritora e psicoterapeuta Ráshuah

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade