A aposentada Cibercília Soares dos Santos quebrou o fêmur da perna esquerda, há 35 dias, depois de cair da cama na casa em que mora com a família no Vale do Paraíso. A aposentada de 82 anos seria operada na manhã desta quarta-feira, 15, mas a cirurgia não foi realizada porque o centro cirúrgico e outros setores do Hospital Municipal Raul Sertã, na Vila Nova, teriam sido fechados por agentes da Vigilância Sanitária. “O médico me disse hoje de manhã que eles chegaram cedo para realizar a cirurgia, mas o hospital não tem estrutura. Me disseram que o centro cirúrgico foi interditado”, disse Heloísa Helena de Mendonça Soares, neta da idosa.
Segundo a jovem, treze dias após a internação no hospital, a cirurgia de Cibercília foi marcada e, em seguida, cancelada porque a idosa teve uma complicação no sangue. O procedimento cirúrgico foi então remarcado pela equipe médica, mas foi novamente cancelado por falta de sangue para transfusão durante a cirurgia. “Os médicos agendaram a cirurgia da minha avó pela terceira vez para esta terça-feira, 14, mas a cirurgia não aconteceu de novo porque, segundo a enfermaria, os ortopedistas tinham ido embora”, contou Heloísa, de 24 anos. Na quarta tentativa, a cirurgia não teria acontecido por falta de estrutura e por causa da suposta interdição realizada pela Vigilância Sanitária. Numa foto feita pela neta da idosa, a porta do centro cirúrgico está fechada com uma atadura.
Heloísa é bacharel em Direito e pretende procurar a Defensoria Pública ou o Ministério Público para tentar solucionar o drama da avó. “Ontem aconteceram dois óbitos na ala da ortopedia. Hoje, o médico me disse que eles tentarão transferir minha avó para outro hospital, mas eu vou procurar a Justiça”, disse a jovem.
No fim da manhã desta quarta-feira, 15, a recepção do hospital estava lotada com muitos pacientes esperando para serem atendidos. Lixo na área externa e sobre os jardins e muros pichados no hospital foram vistos pelo fotógrafo Lúcio César Pereira, que ainda registrou a presença do vereador Christiano Huguenin, presidente da Comissão Especial que está investigando, há três semanas, a saúde em Nova Friburgo.
Em nota, a Superintendência de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde informou, por e-mail, que o centro cirúrgico do Raul Sertã não foi interditado, mas que manteve as interdições do centro de esterilizarão e da lavanderia durante inspeção realizada na terça-feira, 14. O órgão, entretanto, não deu detalhes sobre a fiscalização no hospital. A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde corroborou a informação por telefone, mas não respondeu as perguntas enviadas por e-mail por A Voz da Serra.
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