Profissionais que buscam por especialização se valorizam

Segundo estudo, pós-graduados tiveram aumento salarial de 14,1% em 2015
terça-feira, 16 de maio de 2017
por Dayane Emrich
Profissionais que buscam por especialização se valorizam

 

Nas últimas semanas um dos assuntos que têm circulado nas páginas de A VOZ DA SERRA é o sucesso profissional. Em matéria publicada na edição do Caderno Z sobre a busca pela qualificação, a colega Ana Borges destaca que, para ser bem-sucedido em qualquer carreira, é fundamental fazer o que se gosta. Depois, ter em mente que o importante para o sucesso não é a área escolhida em si — mas a qualificação para exercer a profissão.

Seguindo linha parecida, a jornalista Karine Knust também falou sobre empreendedorismo em recente matéria, e deu exemplos de três jovens que deixaram a carteira assinada para virarem donos do próprio negócio. Essa tendência, apresentada por uma pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), feita no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), também reforça que o mercado de trabalho pertencem cada vez mais àqueles que não se acomodam, ou seja, buscam oportunidades e aperfeiçoamento profissional.

De acordo com um levantamento da consultoria Produtive, os profissionais com pós-graduação obtiveram aumento de 14,1% em 2015 em relação ao mesmo período de 2014. Executivos que investiram em mais de uma pós tiveram um aumento médio na remuneração um pouco maior: 17%; enquanto aqueles com apenas uma graduação obtiveram reajuste pouco expressivo, de 4,8%. O estudo da consultoria revela ainda o aumento de 27,2%, em 2015, na média de remuneração do grupo com mestrado em relação ao mesmo período de 2014. Enquanto no ano passado a média salarial desses profissionais era de R$ 13.804, neste ano o saldo na conta todos os meses passou a ser de R$ 17.561, isto é, R$ 3.757 a mais.

O resultado do levantamento é simples: investir em capacitação continua sendo uma boa estratégia de carreira. Assim foi com a professora de educação física e personal trainer Renata Patrícia Pará, de 29 anos. Ela explica que em um cenário de crise econômica e alto índice de desemprego, fazer pós-graduação pode ser uma alternativa para turbinar o currículo e preparar o portfólio para um cenário mais próspero. “Me formei em licenciatura em Educação Física em 2011 e em bacharelado em 2013. Logo após o término da faculdade, dei início a uma especialização em Biomecânica e Fisiologia do Exercício. O objetivo era ampliar os meus conhecimentos, até porque, a cada dia surgem novas doenças, lesões e/ou métodos de trabalho para otimizar os resultados dos clientes (alunos). Mas, claro, busco também uma valorização maior, já que, se for comparar currículos, como geralmente acontece, o empregador contrata a pessoa com mais conhecimento técnico”, disse.

Renata conta que, apesar do complemento na formação, não sentiu a diferença no bolso ainda. “Não estou ganhando mais por conta da conclusão do curso mas, indiretamente, já fui beneficiada por ele. No meu trabalho como personal os alunos buscam professores com especialização”, diz ela, acrescentando que já está matriculada em uma segunda pós-graduação, agora em Musculação e Treinamento de Força.

Aos 23 anos de idade, a jovem jornalista Mariana de Souza Barros também resolveu dar um upgrade no currículo e, no início deste ano, se matriculou em um curso de Master of Business Administration, o popular MBA. “Hoje em dia a graduação, um curso de inglês não são mais diferenciais. Sei que para conseguir uma boa colocação no mercado preciso antes me qualificar e, por isso, estou fazendo uma especialização em assessoria”, afirma ela.

 

Diferencial competitivo

 

Para o professor e coordenador de Gestão Empresarial e Estratégias de Pessoas, Marcelo Verly, investir em uma pós-graduação é uma oportunidade de seguir avançando na carreira, à frente de outros profissionais que interrompem o desenvolvimento acadêmico. “À medida que cresce a complexidade do ambiente de negócios, com mudanças cada vez mais aceleradas, o surgimento de novas tecnologias, a disseminação do acesso à informação, entre outros fenômenos, são cada vez mais necessárias formações complementares e de alto nível, que auxiliem os profissionais a compreender esse novo mundo em que vivemos para melhor posicionamento, tanto seu, quanto das organizações em que atuam. Desenvolvimento da capacidade de análise crítica dos problemas que afetam o cotidiano das organizações, o conhecimento de novas ferramentas e metodologias gerenciais e a ampliação da rede de contatos são alguns dos benefícios diretos de um programa de pós-graduação, seja ele de especialização, MBA, mestrado ou doutorado”, explica.

Segundo Marcelo, o profissional que avança em sua formação, buscando graduar-se e aprofundar seus estudos através da pós-graduação, sinaliza para sua organização e para o mercado que está comprometido em ampliar suas competências, habilidades e atitudes de forma a otimizar sua capacidade de gerar resultados. “Em tempos de crise, trata-se de um enorme diferencial competitivo e que é levado em consideração pelos gestores de muitas empresas, principalmente aquelas mais profissionalizadas, que atuam em mercados cujo padrão de competitividade é mais acirrado”, conta

A relação direta entre nível de formação e remuneração foi o ponto destacado pelo professor. “Embora varie de região, setor econômico, porte da empresa etc, há várias pesquisas realizadas ao longo dos últimos anos comprovando a relação direta entre formação acadêmica e remuneração. Algumas, inclusive, que atestam aumentos de cerca de 100% no contracheque de executivos que participaram de programas de pós-graduação.

O diretor executivo Rafael Souto, o investimento em capacitação aumenta o nível de trabalhabilidade — ou seja, a capacidade de gerar fontes alternativas de renda, além do emprego tradicional. “Sem contar a valorização no mundo empresarial, quem possui mestrado ou doutorado tem a possibilidade de investir na carreira acadêmica, seja full time, ou mesmo conciliando as aulas com uma boa posição em uma organização”, destaca.

 

Qual curso escolher?

 

    Se você leu até aqui é porque, talvez, já esteja motivado a investir em um curso. Ótimo! Mas é preciso antes identificar seu perfil e seus objetivos, já que entre MBA, pós, mestrado e doutorado existem diversas diferenças. Para começar, de um lado estão os cursos stricto sensu (expressão que significa sentido restrito), grupo do qual fazem parte o mestrado e doutorado. Do outro, os lato sensu (sentido amplo), que comporta especializações e MBAs.

    Os programas stricto sensu têm foco na formação de pesquisadores e professores universitários e são indicados para quem deseja seguir carreira acadêmica, embora seja comum encontrar nessa modalidade profissionais que atuam em empresas. Os cursos de lato sensu, por sua vez, são voltados para quem possui uma rotina diária de trabalho e busca aperfeiçoamento profissional. Neste caso, além de ganhar competências específicas, de aplicação prática, e que ajudam na ascensão na carreira, o profissional terá mais facilidades se desejar mudar de área ou se adaptar a um novo cargo dentro da empresa em que trabalha.

    Para ajudar nessa escolha, confira abaixo uma breve descrição com as principais características de cada modalidade de curso. Feito isto, livros, papel, caneta em mãos e bons estudos!

 

> Pós-Graduação: Com duração média de um a dois anos, a pós-graduação funciona como uma atualização e capacitação do profissional. O curso proporciona habilidades técnicas específicas sobre um determinado tema.

 

> MBA: Tem características semelhantes à pós-graduação como, por exemplo, carga horária de 360 horas, porém, é mais direcionados ao campo dos negócios e da gestão. Normalmente é procurado por profissionais que já estão no mercado e que querem aprimorar seus conhecimentos nas áreas de gestão e negócios, para se formarem executivos.

 

> Mestrado: O principal objetivo deste tipo de curso é aprofundar o aprendizado da graduação e estimular a reflexão teórica. É direcionado para quem pretende seguir carreira acadêmica, como professor ou pesquisador. Isso, no entanto, não impede que quem atua no mercado aprimore seus conhecimentos.

 

> Doutorado: Tem duração de quatro a cinco anos e oferece um conhecimento teórico mais profundo do que o mestrado acadêmico. É direcionado para aqueles que desejam seguir carreira acadêmica, como professor ou pesquisador.

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