Prefeitura quer reformar galerias de águas pluviais para evitar alagamentos

A proposta está prevista no novo Plano Diretor de Nova Friburgo, mas ainda não há data para sair do papel
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
por Alerrandre Barros
Com o temporal da última segunda-feira, os friburguenses assistiram a um episódio já comum e bastante conhecido: ruas alagadas devido a pouca vazão dos bueiros (Foto: Leitor via WhatsApp)
Com o temporal da última segunda-feira, os friburguenses assistiram a um episódio já comum e bastante conhecido: ruas alagadas devido a pouca vazão dos bueiros (Foto: Leitor via WhatsApp)

O alagamento de várias ruas com o temporal da última segunda-feira, 16, em Nova Friburgo, troux à tona um problema de fácil conclusão: o sistema de escoamento de águas pluviais da cidade não dá conta de grandes quantidades de chuva. O problema é antigo. As centenárias galerias do centro da cidade, por exemplo, são estreitas e não têm capacidade para receber e escoar a enxurrada que desce da parte alta de bairros, como Braunes, Cordoeira e até do Morro da Cruz, na Praça do Suspiro. A Prefeitura sabe que o sistema precisa ser reformado para se tornar mais eficiente. “O Plano Diretor que está sendo elaborado prevê a adequação das galerias para a captação de águas pluviais do município”, informou em nota. Mas não há previsão para que isso ocorra.

Em menos de uma hora, mais de 50 milímetros de chuva caíram sobre Nova Friburgo no início da semana. É como se cerca de duas semanas de chuva tivesse precipitado sobre a cidade de uma única vez. Em nota, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Sustentável explicou que os alagamentos ocorreram também porque nas saídas de despejo das águas pluviais no Rio Bengalas há um bloqueio para captação das águas que são levadas para a Estação de Tratamento de Esgoto, ocasionando uma diminuição no fluxo do escoamento da chuva. Além disso, a quantidade de lixo despejada nas ruas também entope os bueiros ou limita o escoamento da água.

Nesta semana, o coordenador da Defesa Civil, coronel João Paulo Mori, disse em entrevista para A VOZ DA SERRA que os alagamentos não foram provocados por sujeira em bueiros entupidos. “A quantidade de chuva foi sim muito grande, mas se a água demorasse de duas a três horas para baixar, aí sim poderíamos dizer que a situação era complicada e que os bueiros estavam entupidos, mas depois de 15 minutos que a chuva parou, a água baixou”, constatou o coronel.

A quantidade de chuva que caiu sobre Nova Friburgo na segunda-feira, 16, foi suficiente para alagar ruas e causar muitos transtornos em alguns bairros, e principalmente no centro da cidade. Nas ruas no entorno da Praça Getúlio Vargas, por exemplo, a água encobriu parte das vias e das calçadas, dificultando o tráfego de veículos e impedindo a circulação de pedestres em ruas como a Farinha Filho e a Sete de Setembro. Muitas pessoas ficaram ilhadas dentro de lojas e bancas de jornal até a água baixar. Outros pedestres, porém, arriscaram-se e caminharam sobre a água que passou da altura do tornozelo. Alguns estabelecimentos comerciais foram fechados antes do horário previsto e as portas foram bloqueadas com comportas para evitar que a água entrasse nos imóveis.

O temporal também lotou os ônibus no horário em que muitas pessoas voltavam para casa e provocou extensos congestionamentos no trânsito para quem ia para Olaria e também para o distrito de Conselheiro Paulino. A Defesa Civil registrou pelo menos três ocorrências durante a chuva que caiu sobre a cidade na segunda-feira, 16. As mais graves foram a interdição de uma casa que cedeu no bairro Catarcione e de outra que foi invadida por lama na Rua Carlos Éboli, no Centro. Neste último imóvel, a família perdeu quase todos os móveis e eletrodomésticos por causa da enxurrada que desceu da obra de contenção de uma encosta realizada pelo governo do estado no local. Os danos devem ser ressarcidos, informou a Secretaria Estadual de Obras.

No dia seguinte, na terça-feira, 17, funcionários da Secretária de Serviços Públicos limparam as ruas e calçadas ocupadas por lama e lixo. As equipes permaneceram de plantão, das 7h às 20h, com caminhões pipa e vac-all, que suga toda a sujeira e desentope bueiros das ruas. “A secretaria está mapeando todos os bueiros, selecionando os mais problemáticos para atuar com mais eficiência na desobstrução”, informa a nota.

O secretário Alan de Almeida confirmou que os alagamentos não foram provocados por bueiros entupidos. “Em cerca de dez minutos depois do temporal toda a água escoou. Há 15 dias a secretaria vem fazendo o desentupimento dos bueiros no centro da cidade”, disse.

Na quarta-feira, 18, voltou a chover na cidade, mas com intensidade moderada. Em alguns bairros, porém, a chuva foi mais forte e provocou aumento expressivo do volume de águas no Rio Santo Antônio, que atravessa o distrito de Mury, e também no Rio Cônego, em Olaria. Alguns moradores ficaram preocupados, mas os rios, que desembocam no Bengalas, não transbordaram pelas ruas dos bairros.  

“Foram registrados 80 milímetros de chuva em seis horas nesta região. Uma quantidade bastante expressiva. Há previsão de chuvas fracas a moderadas na cidade durante todo este feriadão da Consciência Negra. Nossas equipes estão organizadas e trabalharão 24 horas por dia. Qualquer emergência, as pessoas devem ligar para o telefone 199”, disse o coronel Mori. Ontem, 19, também foram registradas chuvas intensas em alguns bairros da cidade. No distrito de Lumiar, caiu até granizo.

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TAGS: chuvas | Alagamento | Plano Diretor
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