Prédio marco da tragédia de 2011 começa a ser reconstruído

Orçada em 400 mil, primeira fase da intervenção deve durar oito meses
quarta-feira, 15 de março de 2017
por Karine Knust
Ideia é o prédio voltar ao seu formato original (Foto: Henrique Pinheiro)
Ideia é o prédio voltar ao seu formato original (Foto: Henrique Pinheiro)

O edifício Monte Carlo, localizado no início da Rua Cristina Ziede, no centro da cidade, finalmente, inicia um novo ciclo em sua história. Nesta terça-feira, 14, foram iniciadas aos obras de revitalização do prédio, parcialmente destruído por um deslizamento de encosta em 2011 e que acabou por se transformar em um dos principais símbolos da tragédia.

A reconstrução do imóvel foi decidida em assembleia realizada em janeiro deste ano. De acordo com o síndico do edifício, Luiz Henrique Ruiz, as obras foram orçadas em R$ 400 mil, valor que será dividido entre os condôminos. “Levantamos dois orçamentos e, em assembleia, foi aprovado o valor de 400 mil reais para realização da primeira fase da obra, que engloba a reconstrução da área afetada. O custo será dividido pelos 16 condôminos”, afirma ele.

Ainda segundo Luiz Henrique, o valor divulgado se refere a primeira fase do projeto. “A recuperação do Monte Carlo foi dividida em duas fases. A primeira, com o orçamento já estipulado, será a de reconstrução da parte do edifício que foi destruída, para que ele volte ao seu formato original. Já a segunda, que dependerá de novo levantamento orçamentário, será uma obra de revitalização interna e externa, como pinturas, limpeza, entre outros”.

“No que diz respeito ao centro da cidade, o Monte Carlo é o último resquício visual da tragédia de 2011. A reconstrução desse prédio é muito importante para todos os moradores e a nossa expectativa para a conclusão desse projeto é muito grande, vai apagar uma mancha na história do município”, afirma o síndico.

Esta primeira fase da obra do edifício Monte Carlo está sob a responsabilidade da Construtora Caledônia e deve terminar no fim deste ano.

Entenda o caso

Construído há mais de 30 anos, o edifício Monte Carlo possui 18 apartamentos divididos em dois blocos. Além de duas coberturas, os amplos imóveis tinham dois a três quartos. No entanto, na madrugada do dia 12 de janeiro de 2011, o deslizamento de uma grande encosta atrás do prédio foi responsável por destruir um dos quartos e parte do banheiro de quatro apartamentos e uma cobertura do bloco B. Desde então, todo o espaço permanece interditado e a bucólica rua se transformou em “ponto turístico” para muitas pessoas que buscar ver evidências da catástrofe que ainda parece inacreditável.

O local se tornou tão emblemático para o município - principalmente por estar no centro da cidade e em uma das áreas onde uma tragédia era inimaginável - que foi visitado pela ex-presidente Dilma Rousseff, registrado em foto e filmagem por diversos veículos midiáticos do Brasil e do mundo e teve seu interior visitado por uma equipe de reportagem do programa Domingo Show, da Rede Record. Apenas naquela região, houveram ainda sete casas soterradas e vinte e dois mortos.  

A possibilidade de reconstrução do prédio se deu depois de as secretarias municipais de Defesa Civil e Meio Ambiente emitirem laudos autorizando a deliberação por parte dos proprietários sobre o que seria feito com o imóvel. Com isso, em setembro do ano passado, a empresa administradora do prédio iniciou um amplo levantamento de custos para a realização da obra.

“Estamos acompanhando todos os processos que aconteceram depois da interdição e somos completamente a favor da reconstrução e da divisão igualitária do valor. O importante é que o orçamento fique acessível e com prazos maleáveis para que tudo seja reerguido da melhor forma possível”, afirmou o dono de um dos apartamentos do Monte Carlo, o economista Gilmar Bispo dos Santos, em entrevista ao A VOZ DA SERRA, no ano passado.

A propriedade dos imóveis

Um ponto que gerou impasses no início dos acordos pela reconstrução do edifício Monte Carlo foi a propriedade dos imóveis.  De acordo com o síndico Luiz Henrique Ruiz, em entrevista publicada em A VOZ DA SERRA no ano passado, alguns proprietários de apartamentos foram acionados pela justiça, na ocasião, devido a falta de pagamento das cotas condominiais após o prédio ter sido lacrado, ainda em 2011. Outra questão também citada por ele na época foi a renúncia de dois dos 18 apartamentos por seus respectivos proprietários.

Mesmo ainda em esfera judicial, ambos os casos não devem influenciar na reconstrução do imóvel. “Os proprietários que ficaram inadimplentes pela falta de pagamento das cotas do condomínio ainda respondem pelo caso na justiça, já os outros dois proprietários que renunciaram a propriedade dos apartamentos não voltaram atrás. Mesmo assim e felizmente, não houve empecilhos para que a reconstrução começasse. Os donos de imóveis que estavam em inadimplência estão participando da divisão de custos da obra. O valor foi dividido e está sendo pago em parcelas pelos 16 condôminos”, esclarece Luiz.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: pós-tragédia | Janeiro de 2011
Publicidade