Praça vai ter batalha de rappers nesta sexta

Bagunçando o coreto: encontros de MCs vêm crescendo e atraindo adeptos de fora da cidade
quinta-feira, 06 de julho de 2017
por Alerrandre Barros
Os rappers em ação (Foto: Napista)
Os rappers em ação (Foto: Napista)

 

Ao redor do coreto da Praça Getúlio Vargas, duelos de rima e improvisação estão atraindo cada vez mais jovens que se identificam com o rap. Garotos e garotas mostram intimidade com as palavras, agilidade no pensamento e língua afiada, elementos que são valorizados nas batalhas freestyle que chegam a reunir dezenas de pessoas em Nova Friburgo.

Nesta sexta-feira, 7, os MCs vão se reunir para a 10ª edição da Batalha da Serra, nos arredores do coreto da praça, a partir das 18h. Os MCs Fael e Eldin, de São Gonçalo, vão participar da rinha. Eles fazem parte da Batalha do Tanque, uma das maiores e com mais repercussão nas redes sociais. Há vídeos deles com mais de 1 milhão de visualizações no Youtube. Saiba mais sobre o evento e a Batalha da Serra em facebook.com/BatalhadaSerra.

Eles e elas aparecem vestidos com roupas largas e bonés de aba reta. Forma-se uma roda. No meio, ficam o apresentador e os dois primeiros MCs que iniciarão a rinha de rap. Cada um tem 45 segundos para improvisar nas rimas, acompanhando o beats, batidas feitas com o som da boca ou o mixer (a mesa eletrônica usada por DJs).

“Geralmente, fechamos batalhas com 16 MCs, mas Friburgo tem mais. As batalhas são julgadas pelo público. As rimas que mais empolgam o público definem o vencedor. A batalha é dividida em 4 fases: 1ª fase, 2ª fase, semifinal e final. O vencedor recebe de prêmio, às vezes, uma camisa que compramos. Não temos patrocinadores”, explica Matheus Adelino, fundador da Batalha da Serra.

Há as batalhas de conhecimento e de sangue. Na primeira, os rappers, como também são conhecidos os MCs, têm que desenvolver as rimas a partir de temas que podem ser pré-estabelecidos pelos organizadores ou escolhidos pela plateia no momento do evento. Já na segunda, eles devem atacar verbalmente o adversário (deve-se evitar ofensas). Essa é a mais comum na cidade e nas batalhas estadual e nacional.

Quando dá, os MCs do coreto da praça usam microfone para amplificar o som, o que nem sempre é permitido pela polícia, apesar de a lei municipal 4.198/2012 garantir a apresentação de artistas de rua independentemente de prévia autorização dos órgãos públicos municipais. Com isso, eles acabam mostrando o talento a capela mesmo, seguindo o flow (cadência) da batida. O grupo tem idade que varia dos 16 aos 20 anos, mas gente de até 50 anos acompanha as batalhas.

“A cena do rap em Nova Friburgo está crescendo. Nossas batalhas já contaram com cerca de 200 pessoas. Estamos tentando popularizar o estilo na cidade, que ainda é visto com preconceito por parte da sociedade. Queremos virar uma referência”, disse Matheus.

O rap surgiu na década de 1960 na Bronx, periferia de Nova York. No Brasil, começou a dar as caras em 1970, em canções como “Deixa isso pra lá”, de Jair Rodrigues. Mas foi entre 1990 e início dos anos 2000 que o estilo musical ganhou força com as letras fortes que retratavam a realidade e as dificuldades do dia a dia nas favelas.

O estilo faz parte do movimento hip hop, que é composto por mais três manifestações artísticas: o DJ, o break dance (dança de rua) e o grafite. Expressões culturais que surgiram na rua e têm, para muitas pessoas ligadas ao movimento, potencialidade de crítica social. Alguns grupos e artistas se popularizam no país com o estilo musical, entre eles, Racionais MCs, MV Bill, Gabriel o pensador, Marcelo D2, Emicida e Projota.

Veja uma batalha no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=lHAejbkihrk

 

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