O muro de contenção em frente ao antigo Centro Adventista de Vida Saudável (Cavs) — desapropriado em 2012 para a construção do futuro Hospital do Câncer —, na Rua Prefeito César Guinle, na Ponte de Saudade, está pronto, mas falta ainda a construção de uma galeria para a água que continua descendo pelo lote do empresário Francisco Antonio Dopazo, dono da Sauna do Chiquinho. Em dezembro de 2010, dias antes da tragédia das chuvas que assolou a cidade, o lago do Cavs estourou e as águas e pedregulhos desceram, destruindo casas e o pequeno clube que Francisco estava construindo abaixo da rua. No segundo semestre do ano passado, um enorme buraco foi aberto na rua pela Prefeitura para a instalação de manilhas que escoariam a água, mas, desde então, a obra continua parada. A cratera está sinalizada com faixas e também com um cavalete, e expõe uma adutora da Águas de Nova Friburgo. "Eu me preocupo é com essa adutora. Se ela estourar, do jeito que está fará um estrago na rua”, disse o presidente da associação de moradores do bairro, José Roberto Folly.
Por causa da obra — orçada em R$ 453.974,25 com dinheiro dos governos estadual (95%) e municipal (5%), por meio do programa Somando Forças — o ônibus que passava pela estrada mudou o itinerário, obrigando as pessoas a andarem um grande trecho. Segundo José Roberto, a Faol estaria aguardando um laudo da Defesa Civil que ateste a segurança no local para que o ônibus volte a circular pela rua.
A demora nos serviços de capina nas calçadas e os buracos causados por paralelepípedos soltos nas estreitas ruas do bairro são reclamações recorrentes entre os moradores. Na manhã desta quarta-feira, 11, uma equipe da Secretaria de Serviços Públicos estava na Rua José da Costa Cabral fechando alguns desses buracos e limpando bueiros cobertos por lama. Enquanto eles executavam o serviço, muita água escorria por causa de um vazamento em uma tubulação da Águas de Nova Friburgo no meio da rua. "Está assim há pelo menos dois dias”, disse José Roberto. Na mesma rua, um motorista da Faol, que pediu para não se identificar, afirma que subir as ladeiras do bairro é perigoso, porque além das curvas sinuosas, os ônibus derrapam por causa dos paralelepípedos. "Seria muito bom se a Prefeitura asfaltasse essas ruas”, opinou.
Na Escola Municipal Doutor Dante Magliano, agentes da Prefeitura também limpavam a área externa da instituição, que estava há meses cercada por entulhos de carteiras velhas e pelo mato que crescia no pátio da escola. Segundo o presidente da associação de moradores, desde 2008, quando foi inaugurada, a escola não passa por uma reforma. "Agora nós vamos lutar pela pintura da escola. A tinta já está lá. E também pela instalação de telhados nas janelas que estão enferrujadas”, disse. No alto da instituição podem ser vistas as sirenes instaladas para alertar a população sobre riscos de deslizamentos.
No mesmo dia, agentes da Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu) retiraram a carcaça de uma Kombi abandonada na Rua Prefeito César Guinle, no trecho próximo à antiga Fábrica Ypu. Segundo moradores, por causa de falta de pavimentação e iluminação pública na via, o local se tornou ponto de descarte de todo tipo de lixo. O mato alto na rua, às margens do Rio Santo Antônio, preocupa ainda mais as pessoas que costumam usar o local para a prática de atividades físicas, como a caminhada, por exemplo. Algumas mulheres que trabalham nas confecções espalhadas pela Ponte da Saudade, principal polo de moda íntima da cidade, também temem passar pelo local. "Há um tempo atrás, a gente soube que havia um tarado escondido nesse matagal. Tenho medo de passar aqui à tarde e sozinha”, disse uma costureira que pediu para não se identificar.
Em nota, a Secretaria de Serviços Públicos informou que o serviço de capina e limpeza do bairro teve início na última segunda-feira, 9. Segundo a Prefeitura, um funcionário será enviado à antiga Estrada de Ferro Leopoldina para verificar a falta de luz no local. A pavimentação da via consta, de acordo com a Secretaria de Obras, no cronograma de obras que está sendo seguido.
A Defesa Civil Municipal informou que será realizada uma nova vistoria na Rua Prefeito César Guinle e, se verificada a finalização das obras e possibilidade de retorno de ônibus no local, será enviado imediatamente um ofício à Faol. As atividades na obra em frente ao futuro Hospital do Câncer continuarão após o término das "negociações com o governo do estado”. A Prefeitura, entretanto, não esclareceu por que as obras estão paradas.
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