Quem apenas acompanha os noticiários prestigia e reconhece o esforço dos atletas que conseguem completar o percurso de uma maratona. Aqueles que correm, no entanto, sabem que cruzar a linha de chegada representa o último passo de um grande esforço, geralmente recheado de renúncias e adaptações a uma rotina considerada normal para quem não pratica esportes regularmente.
Pouco mais de 26 mil pessoas colocarão à prova toda uma preparação feita com antecedência neste domingo, 26, durante a Maratona da cidade do Rio de Janeiro. Os corredores que irão se aventurar pelos 42 km partem da Barra da Tijuca, e percorrem por alguns dos mais belos bairros da cidade maravilhosa — à exemplo de Leblon, Ipanema e Copacabana — até a linha de chegada, no Aterro do Flamengo. Há ainda as opções dos 6 e 21 km.
Dentre os desafiantes dos próprios limites vai estar um casal de corredores de Nova Friburgo. Integrantes da equipe Ascof (Associação de Corredores Friburguenses), Tatiana Montechiari e Breno Barboza terão a oportunidade de participar do evento. Enquanto ela — que voltou a correr há aproximadamente um ano — participará da prova dos 6 km, ele tentará vencer os 42. A vontade de completar a prova e baixar o tempo fizeram Breno montar uma planilha que foi seguida praticamente à risca nos últimos 365 dias.
“Há um ano, no dia 27 de Julho, ele participava de sua primeira Maratona. Houve muita ansiedade, apesar de ter se preparado para a prova. Com um tempo de 3 horas, 50 minutos e 58 segundos, ele encerrou o percurso com o sentimento de dever cumprido e uma nova meta. O Breno quer fazer ainda melhor em 2015”, revela a esposa Tatiana.
O personal trainer de 27 anos montou a própria rotina, e cuidou de cada detalhe para tentar superar a marca que fizera em 2014. O treinamento incluiu atividades progressivos de velocidade (tiros) e resistência (os chamados “longões”), que chegaram aos 32 km. Além da corrida, Breno também montou e executou um programa específico de musculação, com o objetivo de fortalecer os músculos e todo o sistema esquelético. O atleta também realizou uma bateria completa de exames clínicos e cardiorrespiratórios.
“Como profissional de Educação Física, ele defende a importância de sempre aliar saúde aos bons resultados, para que a prova seja prazerosa e sem risco de lesões”, destaca Tatiana.
Renúncias e “divisão do tempo”
Como acontece em todos os casos que envolvem atletas amadores, a dedicação ao esporte é apenas mais uma tarefa do dia a dia. Pai de um menino de um ano e 10 meses de idade, Breno teve que dividir a atenção entre os treinos, o trabalho e a família. As atividades de musculação e esteira foram realizadas de segunda a sexta-feira, na academia em que trabalha. Já os passeios em família se concentraram exclusivamente nos fins de semana durante o dia. Os jantares e festas às sextas à noite foram deixados de lado durante o período. Afinal de contas, os sábados foram inteiramente dedicados às corridas de rua.
Ao longo da preparação, Breno participou de outras provas oficiais, e aproveitou para utilizá-las como parâmetro. Os percursos variaram entre 5km e 30 km, onde cada resultado serviu como objeto de análise e aperfeiçoamento. O atleta também buscou novos métodos de treinamento em literaturas especializadas em corrida, e inclusive iniciou uma pós-graduação em Treinamento Personalizado. Nas duas últimas semanas, a intensidade dos exercícios foi reduzida, e Breno aumentou a ingestão de água e carboidratos para garantir uma boa hidratação e reserva de energia. “Minha meta é passar pela linha de chegada com três horas e 45 minutos”, relata.
Incentivada pelo marido, Tatiana Montechiari se adaptou à rotina e também estará participando da Maratona do Rio. Desta forma, pela primeira vez, o casal participa junto de uma prova oficial.
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