Pioneiros da telefonia em Amparo aguardam ressarcimento há mais de 20 anos

Comissão da Associação dos Amigos do Amparo luta pela recuperação de valores a que seus associados teriam direito
sábado, 15 de outubro de 2016
por Márcio Madeira
Sede da Telerj em Amparo, abrigando equipamento para 250 terminais (Foto: Jacques Raibert)
Sede da Telerj em Amparo, abrigando equipamento para 250 terminais (Foto: Jacques Raibert)

Marcas de expressão, manchas na pele, mãos trêmulas, e a firmeza de quem acredita na justiça de forma intransitiva. Há alguns meses a reportagem de A VOZ DA SERRA tem sido procurada por senhores que, há exatos 30 anos, mobilizaram-se para levar a telefonia ao distrito de Amparo, e há mais de duas décadas aguardam, entre o falecimento de um ou outro companheiro, pelo ressarcimento de parte do valor investido.

Erudito e dono de excelente memória, Jacques Raibert, do alto de seus 82 anos, relembra os fatos. “Em 1986 a Associação dos Amigos do Amparo — à época Saman, atualmente Assamam —, por iniciativa de seu presidente, coronel Héber (Mury) Alves da Costa, deu início às providências necessárias à implantação do sistema de telefonia do Amparo. Encerrado o período de seu mandato, Héber foi substituído pelo Dr. Laerte Ribeiro e, a seguir, pelo professor Antônio José de Vries. ambos pugnando, com determinação idêntica à do iniciante, para que o intento fosse levado a bom termo”, conta Jacques.

Os custos da execução do projeto, ainda de acordo com Jacques, foram arcados pelos próprios membros da associação. “Para implantação do sistema nas diversas áreas cobertas pelo projeto, foram designados os coordenadores: João Frossard Sanglard — Fazenda Velha, Barroso e Alto do Schuenck (área 1) — e Vadito Alves da Costa — Tiradentes, Amparo, Alto do Candimba e Parada Folly (área 2). 

As exigências decorrentes foram atendidas pelos associados da entidade (250 participantes), tendo sido adquirido, às suas custas, todos os equipamentos exigidos para o empreendimento, tais como: construção da cabine, em terreno da Assamam; aquisição e instalação da mesa telefônica para 250 terminais; cabos, fios e postes e suas instalações com a contratação de profissionais da área de telefonia.

Os investimentos mais que quadruplicaram o preço das linhas. “O custo de cada linha telefônica na região ultrapassou os CR$ 6 mil (seis mil cruzeiros), tendo o sistema sido ativado em 1992. Atualizado para 2012, este valor já atingia os R$ 34 mil. Cabe ressaltar que à época o custo de uma linha pelo Plano de Expansão girava em torno de CR$ 1.400. E dava direito a ações da Telerj em valor correspondente”, lembra Jacques. 

É justamente o valor destas ações que os pioneiros reclamam judicialmente, desde 2010. Questionada a respeito das ações correspondentes, a direção da concessionária (Telerj) informou, de forma verbal, que o Procom (Projeto Comunitário custeado pelos moradores) não gozava deste direito, só concedido aos usuários do chamado Plano de Expansão. 

Diante desta postura, foi necessário ingressar com uma ação civil pública para a qual aguarda-se definição do Poder Judiciário. Considerando que grande parte dos pioneiros ainda vivos já têm mais de 80 anos, a celeridade parece ser uma virtude indispensável à Justiça neste caso. Afinal, seja ela positiva ou negativa para suas aspirações, o fato é que estes senhores há muito aguardam por uma resposta, e seus esforços, lá atrás, continuam a gerar enormes benefícios a muitos friburguenses ainda hoje. Ao menos este reconhecimento podemos lhes assegurar de imediato.

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