Pesquisas sobre o Mal de Alzheimer avançam no Brasil

Cientistas brasileiros publicam estudo sobre o diagnóstico precoce da doença
segunda-feira, 01 de junho de 2015
por Jornal A Voz da Serra
O Mal de Alzheimer não tem cura, mas os sintomas podem ser controlados com medicamentos (Reprodução)
O Mal de Alzheimer não tem cura, mas os sintomas podem ser controlados com medicamentos (Reprodução)

O mal de Alzheimer é a principal forma de demência – doença incurável que afeta 44 milhões de pessoas no mundo, segundo dados do grupo Alzheimer´s Disease International. No Brasil, existem cerca de 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade, das quais 6% sofrem de Alzheimer (média de 1,2 milhão de pessoas), segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). Nos Estados Unidos, é a quarta causa de morte de idosos entre 75 e 80 anos. Perde apenas para infarto, derrame e câncer.

 

Recentemente, pesquisadores da UFRJ divulgaram a descoberta de como uma molécula chamada D-serina pode ajudar no diagnóstico precoce do Alzheimer. O estudo saiu esta semana na ‘Translational Psychiatry’, publicação da prestigiada revista ‘Nature’. A descoberta dos cientistas brasileiros pode ajudar no diagnóstico precoce da doença, o que despertou o interesse e o entusiasmo da comunidade científica internacional. A equipe da UFRJ descobriu que os níveis elevados do aminoácido chamado D-serina, responsável pela sinalização das sinapses, pontos de conexão entre os neurônios, estão associados ao declínio cognitivo no Alzheimer.

 

“A D-serina aumenta à medida que a doença progride”, explicou o médico neurocientista Rogério Panizzutti, autor principal do estudo e diretor do Laboratório de Fronteiras em Neurociências da UFRJ. A expectativa dos pesquisadores é que em cinco anos eles consigam concluir o estudo e já possam resolver questões regulatórias para o uso da D-serina como biomarcador para o Alzheimer.

 

A causa do Alzheimer é desconhecida, mas seus efeitos deixam marcas profundas no paciente. Normalmente, atinge a população de idade mais avançada, embora se registrem casos em gente jovem. Cientistas de vários países já conseguiram identificar um componente genético do problema, mas ainda há um longo caminho a percorrer até encontrar uma solução.

 

Um aspecto fundamental do Alzheimer é a manutenção do chamado estado de alerta. A doença não reduz o estado de consciência e o paciente responde tanto a estímulos internos quanto externos. Pode responder mal ou de forma errada, mas está atento, acompanhando as pessoas e tudo o que acontece à sua volta. Muitas vezes, os sintomas mais comuns, como a perda da memória e distúrbios de comportamento, são associados ao envelhecimento.

Mesmo com uma aparência saudável, os portadores de Alzheimer precisam de assistência ao longo das 24 horas do dia. O quadro da doença evolui rapidamente, em média, por um período de cinco a dez anos. Os pacientes, em geral, morrem nessa fase. A família e a sociedade podem dar um grande apoio aos pacientes do Alzheimer. A ABRAz é formada por familiares dos pacientes e conta com a ajuda de vários profissionais, como médicos e terapeutas. A associação promove encontros para que as famílias troquem experiências e aprendam a cuidar e a entender a doença e seus efeitos na vida dos idosos.

Diabetes pode estar ligada à doença

Condições que tornam difícil o controle de açúcar no sangue podem ter efeitos nocivos sobre a função cerebral e agravar doenças neurológicas. Foi o que concluiu estudo da Escola de Medicina da Universidade Washington, de St. Louis (EUA), que ligou o diabetes ao Mal de Alzheimer. Publicado recentemente no “Journal of Clinical Investigation”, o experimento introduziu altos níveis de glicose em correntes sanguíneas de ratos e observou um rápido aumento dos níveis de beta-amiloide, componente ligado à formação de placas cerebrais. A constituição de tais placas é considerada fase inicial das mudanças que causam o Alzheimer. Para os cientistas, a descoberta pode levar a “metas de tratamento que reduzem efeitos”. 

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