Páscoa: crise faz empresários investirem menos para evitar prejuízos

Preços continuam semelhantes aos do ano passado, mas pesquisa antes da compra pode garantir economia
segunda-feira, 10 de abril de 2017
por Karine Knust
(Foto: Lúcio Cesar pereira/Arquivo A VOZ DA SERRA)
(Foto: Lúcio Cesar pereira/Arquivo A VOZ DA SERRA)

Se você pensa que a crise e a consequente redução nas compras geraram quedas nos preços dos chocolates para Páscoa, você está enganado. Este ano o coelhinho voltou a trazer ovos com preços amargos. De acordo com a Pesquisa de Páscoa, realizada pelo Departamento de Economia da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e divulgada no início de março, houve um reajuste em todos os produtos do segmento de chocolates na comparação com 2016. 

Segundo levantamento, as caixas de bombom de 400 gramas foram as que apresentaram a maior alta (4,4%); em seguida vêm os chocolates em geral (barra, tabletes, etc), que registraram 4,1%; e bombons unitários (3,7%). Quando o assunto é o famoso ovo de páscoa, a maior alta registrada foi na versão de até 150 gramas (3,7%), seguida pelos de 150 até 500 gramas (2,8%), por último os acima de 500 gramas, com alta de 2%.

Ainda de acordo com a Abras, 39,4% dos empresários acreditam que os resultados de 2017 serão inferiores aos apresentados no ano anterior. O reflexo disso tudo é que as encomendas dos estabelecimentos também diminuíram, cerca de 5%. Para o superintendente da Abras, Marcio Milan, o resultado já era esperado. “O momento econômico atual, com taxa crescente de desemprego e vendas mais tímidas, está refletindo nas expectativas dos supermercadistas, que estão mais receosos”, ressalta Marcio.

Prateleiras mais enxutas

Em Nova Friburgo, aquele aglomerado de ovos de chocolate suspensos em lojas de departamento, doces e supermercados está mais enxuto do que o que era visto no ano passado. Consequência do receio de um novo encalhe de produtos, que fez com que muitos estabelecimentos precisassem fazer grande queima de estoque de chocolates em 2016. 

“A Páscoa vai cair em um período legal, porque a maioria das pessoas já terá recebido o salário. Mesmo assim, de modo geral, investimos 40% menos do que em anos anteriores. Para se ter uma ideia, já chegamos a adquirir R$ 1 milhão em chocolates para abastecer as duas lojas para as vendas de Páscoa. Hoje esse investimento não passa dos R$ 500 mil”, afirma o empresário Mário Sérgio Abreu Santos, que espera recuperar o prejuízo com as vendas do último ano, orçado em cerca de R$ 75 mil. 

Ainda no centro da cidade, outra tradicional loja de doces sentiu a queda nas vendas e optou por diminuir as compras de ovos de Páscoa para evitar prejuízos. “Reduzimos em 50% as nossas compras para esse ano. O movimento caiu muito desde o ano passado, por isso, não temos mais estoque de ovos. Tudo que compramos está na área de vendas e quando acabar não haverá reposição”, afirma o empresário João Luiz da Silva. 

Pagando pela marca

De acordo com um levantamento divulgado pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o Brasil é o 5º maior consumidor de chocolate do mundo, totalizando um consumo per capita de mais de duas toneladas do doce por ano. Ainda segundo os dados, 63% dos brasileiros têm hábito de presentear com chocolates nesta época. Observando o comportamento do consumidor nacional é que as indústrias do setor, a cada ano, desenvolvem produtos inovadores para atrair ainda mais o público e alavancar as vendas. Ainda de acordo com a Abicab, para 2017, cerca de 120 produtos foram lançados. 

Apesar de atraentes, os lançamentos e os chocolates já tradicionais costumam ser os mais caros do setor. Por isso, quem quer economizar deve buscar alternativas. Para agradar a todos os públicos, uma das estratégias do empresário Mário Sérgio foi investir em produtos mais baratos para a Páscoa 2017. “Estamos com uma linha de ovos de chocolate que chega a custar a metade do preço de marcas tradicionais sem perder a qualidade. Essa empresa é fabricante para grandes marcas como Nestlé e Garoto, então o sabor do produto é tão bom quanto”, garante ele, acrescentando que “chegamos a diminuir a compra de ovos tradicionais para dar preferência a esses mais acessíveis”. 

Para se ter uma ideia da diferença de valores, o chocolate crocante da marca tradicional chega a custar R$ 30, enquanto a mesma opção da marca fabricante custa R$ 14,99. Além desses, também há opções de ovos infantis. Enquanto o chocolate do personagem Carros, da fabricante, custa R$ 25,99, o da Hot Wheels, da Lacta, pode ser adquirido na mesma loja por R$ 49,99. 

Pesquisar nunca é demais

Mesmo quem ainda assim preferir marcas tradicionais para presentear nesta Páscoa, não deve deixar de pesquisar. Isso porque o mesmo ovo de chocolate pode ter uma diferença de 19%. A quantia pode ser até pequena, mas toda economia é válida quando se quer gastar menos. Se você é daqueles que optam pelas lembrancinhas de Páscoa, também é bom pesquisar. O preço da mesma caixa de bombom da Garoto, por exemplo, pode variar de R$ 6,99 a R$ 9,99. 

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TAGS: comércio
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