Operação da Polícia Federal aproxima Lava Jato de Friburgo

Empresário responsável por empresa que forneceu alimentos ao Raul Sertã em caráter emergencial por mais de 1 ano foi preso na manhã de quinta
sábado, 03 de junho de 2017
por Márcio Madeira
O Hospital Municipal Raul Sertã: serviço de nutrição pós-tragédia a cargo de empresa investigada (Foto: Arquivo AVS)
O Hospital Municipal Raul Sertã: serviço de nutrição pós-tragédia a cargo de empresa investigada (Foto: Arquivo AVS)

O vereador Professor Pierre protocolou, na tarde de quinta-feira, 1º de junho, um pedido de apuração e investigação junto ao Ministério Público Federal para analisar os contratos firmados em caráter emergencial na esteira da tragédia da Região Serrana em janeiro de 2011. A medida foi um desdobramento da operação “Ratatouille”, realizada na manhã do mesmo dia no Rio de Janeiro, através de força-tarefa da Polícia Federal, e assim batizada por ter resultado na prisão do empresário Marco Antônio de Luca, chefe de cartel alimentício cuja soma de serviços faturados junto ao Palácio Guanabara é estimada em R$ 8 bilhões, desde 2007.

Uma das empresas que integram o grupo chefiado por Marco Antônio é a Masan Serviços Especializados, que assumiu em caráter emergencial o serviço de nutrição do Hospital Municipal Raul Sertã no dia 28 de fevereiro de 2011, quando o então vice-governador Luiz Fernando Pezão ainda estava em Nova Friburgo, com previsão inicial de prestar o serviço durante 90 dias. O vínculo, todavia, foi renovado por mais de um ano, e a empresa foi uma das muitas citadas no relatório da CPI da tragédia na Câmara Municipal, da qual Pierre foi relator.

“Existem vários indícios de irregularidades em torno do serviço prestado pela Masan em Nova Friburgo. A tomada de preços, por exemplo, não continha datas, e são fortíssimos os sintomas de que sua atuação por aqui tenha representado dano ao erário. O mais importante, contudo, é observar que trata-se de um contrato municipal, de uma empresa que está sendo investigada por um braço da Lava Jato”, argumentou Pierre.

Braço da Lava Jato

Os policiais também cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao empresário, que agora vai responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele também é acusado de subornar agentes públicos em troca de favorecimento na assinatura de contratos com o governo. A maioria deles para fornecer alimentação a escolas públicas e presídios, por meio das empresas Comercial Milano e Masan Serviços especializados.

Na contabilidade da propina de Cabral, Marco Antônio de Luca era identificado como Loucco – uma informação que só foi confirmada seis meses depois da apreensão das anotações de Luiz Carlos Bezerra, apontado como operador do esquema. A força-tarefa concluiu ainda que o clã liderado por de Luca pagou R$ 12,5 milhões em propina para obter cerca de R$ 8 bilhões em contratos das empresas do conglomerado junto ao governo do Rio, a partir do início da administração peemedebista, em 2007.

De Luca também já havia sido um dos alvos da Polícia Federal na operação “Quinto do Ouro”, que no fim de março prendeu cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), com autorização do Superior Tribunal de Justiça. Na ocasião ele foi conduzido coercitivamente para depor na Superintendência da PF, e teve seus telefones e equipamentos eletrônicos apreendidos.

“A investigação agora chegou ao nosso âmbito, à nossa esfera. A Lava Jato vai ter que lavar a lama que ainda tem aqui, nos contratos da tragédia climática de Nova Friburgo”, declarou Pierre, que também abordou o tema durante seu discurso na hora livre da sessão ordinária desta quinta-feira.

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