Um grupo de manifestantes contrários à decisão da prefeitura de Nova Friburgo — que proibiu a parada dos ônibus intermunicipais no centro da cidade — quer uma audiência pública com representantes do governo municipal para tratar de uma série de reivindicações sobre o transporte público que atende a região. Desde o início da semana passada, os ônibus só podem embarcar e desembarcar passageiros nas rodoviárias Norte e Sul. Na próxima sexta-feira, 29, integrantes do movimento realizarão outro ato na cidade com o objetivo de serem recebidos pelo prefeito Rogério Cabral.
O “Movimento Popular pelo Direito à Mobilidade Urbana” começou a se organizar na semana passada por meio das redes sociais. O grupo não tem uma liderança e é formado majoritariamente por moradores de Bom Jardim e Nova Friburgo. “A gente entende que essa medida gera um ônus para o cidadão porque encarece a passagem para o trabalhador. Ela não melhora o trânsito; pelo contrário, a decisão estimula o uso do principal problema: o carro individual. Eu, por exemplo, uso meu carro para trabalhar, porque sai mais barato ir de carro para Friburgo do que ir de ônibus. Nós queremos mudar essa lógica”, disse um dos integrantes do grupo, o empresário Diego Chermaut.
No final da tarde de sexta-feira, 22, o movimento reuniu centenas de pessoas em um protesto no Paissandu, no centro de Friburgo. Os manifestantes caminharam pela Avenida Comte Bittencourt até a rodoviária Norte, em Duas Pedras, bradando frases contra o prefeito Rogério Cabral e a Faol, empresa que administra o transporte municipal. Um homem foi detido por policiais militares no início do percurso, porque faria parte de um grupo que queria fechar completamente a via, em horário de rush. O homem foi liberado em seguida, depois do pedido dos manifestantes. A Polícia Militar acompanhou todo o percurso do protesto. Os organizadores estimam que 500 pessoas participaram do ato. A PM não divulgou o número de manifestantes.
A polêmica envolvendo os ônibus intermunicipais começou na semana passada, depois que a prefeitura anunciou que, a partir de segunda-feira, 18, os coletivos só podem embarcar e desembarcar passageiros nas rodoviárias Norte e Sul. A decisão preocupou moradores de cidades vizinhas que trabalham e estudam em Friburgo, porque eles terão que arcar com mais duas passagens diárias para chegar ao centro da cidade. Para amenizar o transtorno, o governo municipal disponibilizou gratuitamente linhas ônibus que ligam o Centro às duas rodoviárias, por 30 dias, até que medidas adicionais sejam implantadas, a fim de minimizar os impactos aos passageiros dos ônibus intermunicipais. Além de parte da população, a mudança no trânsito não foi bem recebida por políticos, como o deputado estadual Wanderson Nogueira e o vereador Professor Pierre, e empresários.
A Voz da Serra entrou em contato com a prefeitura, mas, até o fechamento desta reportagem, o governo municipal não tinha enviado um posicionamento sobre os protestos.
Pauta de reivindicações do grupo
1 - Liberação imediata de circulação dos ônibus intermunicipais com embarque e desembarque até ao Paissandu
2 - Redução das tarifas municipais e intermunicipais para estimular o uso de transporte coletivo e ampliar o direito à Mobilidade Urbana
3 - Reunião periódica com representantes da prefeitura e representantes dos usuários de transporte intermunicipal (escolhidos em praça pública pela população) para criarmos soluções participativas para a mobilidade urbana intermunicipal e de Nova Friburgo
4 - Criação de um conselho intermunicipal de usuários de transporte público da região
5 - Transparência nas decisões públicas
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