O novo jornalismo e suas máquinas voadoras

Drones estão se tornando objetos comuns na paisagem. O uso profissional ou amador desta fantástica inovação tecnológica já suscita discussões sobre segurança e privacidade
segunda-feira, 27 de abril de 2015
por Jornal A Voz da Serra
O jornalismo-drone é uma realidade atual que traz avanços, mas também questões éticas (Reprodução)
O jornalismo-drone é uma realidade atual que traz avanços, mas também questões éticas (Reprodução)

Para o jornalista Jorge Maroun, coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade Estácio de Sá, campus Nova Friburgo, diante das novas e sofisticadas tecnologias na área da comunicação, com ferramentas que vão do WhatsApp, passando pelos blogs e redes sociais, até os drones, “o jornalista precisará dominar as tecnologias de produção e veiculação de notícias, ou seja, deverá ser um profissional cada vez mais diferenciado”.  

No momento, a ferramenta mais visada é o drone e sua ilimitada capacidade de vasculhar recantos do planeta os mais ocultos que possam ser. Seu uso para fins militares, por exemplo, foi destaque em todos os jornais do mundo, na quinta-feira, 23, ao ser divulgado, em tom de crítica, que uma operação dos EUA com drone atingiu um alvo na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão, em janeiro, matando dois trabalhadores humanitários, reféns da al-Qaeda: o americano Warren Weinstein e o italiano Giovannni Lo Porto.

Nos meios de comunicação, seu uso é cada vez mais crescente. As reportagens, que até pouco tempo se limitavam a fotos ou documentários, começam a ser disseminadas através de coberturas de toda natureza. Em matérias externas, principalmente as que são geradas em ruas, praias, clubes, praças e demais logradouros públicos, os drones já estão se tornando objetos comuns na paisagem. Um brinquedinho que, nas mãos de jornalistas, virou uma importante ferramenta de trabalho.

Já para Robert Picard, diretor de pesquisa do Instituto Reuters, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, um dos maiores desafios na nova atividade é a ausência de regulação para o uso civil de drones, sobretudo do ponto de vista de segurança. Mas "as autoridades de aviação civil internacional já estão se mexendo para estabelecer padrões", o que deverá chegar "à maioria dos países em algum momento", inclusive ao Brasil.

"Por outro lado, uma série de grandes emissoras, como a CNN, a BBC e a ABC australiana, estão experimentando o uso de drones no jornalismo diário", acrescentou Picard, adiantando que "além da regulação de segurança, o uso crescente dos drones se reflete em outras frentes. Uma “questão especialmente importante é o quanto se intrometem na privacidade das pessoas, quando sobrevoando", finalizou o diretor do Reuters.

Em artigo publicado no Light deste sábado, 25, Jorge Maroun complementou, advertindo: “Os desafios são grandes. Como vencer num ambiente tecnológico marcado pela diversidade, com uma percepção coletiva de que tudo é exprimível pela imagem ou pode ser compartilhado por todos? Se é verdade que as novas tecnologias conectam todos com todos, também é verdade que muitos têm lados, têm interesses incompatíveis com o trabalho jornalístico”.

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TAGS: jornalismo | drone | tecnologia | ética | comunicação
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