O jornalismo, A Voz da Serra e o futuro da informação

Num mundo onde o acesso à informação se dá cada vez mais por meios digitais, como manter a indústria da mídia funcionando com a redução de receitas tradicionais oriundas de assinaturas, publicidade e venda em bancas?
domingo, 26 de abril de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Jorge Maroun (Cortesia)
Jorge Maroun (Cortesia)
Não é simples chegar aos 70 anos de vida. Todos nós sabemos que um número ínfimo de empresas familiares alcança tal idade e quando o fazem dificilmente são, ao mesmo tempo, respeitadas e marcadas pelo sucesso como A Voz da Serra.

O jornalismo atual precisa cada vez mais que a notícia seja fruto de apuração de qualidade, do complemento da opinião avalizada e isenta
Mas os desafios são grandes. Como vencer num ambiente tecnológico marcado pela diversidade, com uma percepção coletiva de que tudo é exprimível pela imagem ou pode ser compartilhado por todos? Se é verdade que as novas tecnologias conectam todos com todos, também é verdade que muitos têm lados, têm interesses incompatíveis com o trabalho jornalístico. As últimas eleições deixaram isto bem claro, quando as redes sociais serviram para revelar lados, impor opiniões por aqueles que serviam a tendências políticas e denegriam a imagem das pessoas sem o menor pudor.

O jornalismo atual precisa cada vez mais que a notícia seja fruto de apuração de qualidade, necessita do complemento da opinião avalizada e de isenção, entendida aqui como ética na veiculação das notícias. Só meios de Comunicação comprometidos com a sociedade podem levar estas premissas adiante.

Numa cultura onde a democracia ainda luta para se firmar com valor e na qual a corrupção ainda tem espaço, muitos vão querer calar a imprensa, seja pela força, pela Justiça ou pelo poder econômico.

Percebe-se pelo raciocínio acima que os veículos de comunicação vão necessitar de jornalistas bem formados, capazes de compreender os anseios da população e inteligentes para — sem desprezar as regras do bom Jornalismo — estar do lado dos mais fracos, dos que gritam por serviços, por Justiça ou denunciam as mazelas do país. O jornalista precisará também dominar as tecnologias de produção e veiculação de notícias, ou seja, será um profissional cada vez mais diferenciado.

E aí vem o grande desafio. Num mundo onde o acesso à informação se dá cada vez mais por meios digitais, como manter a indústria da mídia funcionando com a redução de receitas tradicionais oriundas de assinaturas, publicidade e venda em bancas?

Esta complicada resposta depende do tamanho da organização, do modelo de negócios em que opera, dos parceiros que possui e do local onde está sediada. No caso de Nova Friburgo, A Voz da Serra tem o portal de notícias mais acessado da cidade. Como rentabilizar isto, permitindo que os investimentos sejam mantidos e ampliados? Como competir com empresas de notícias nascidas na internet e que pleiteiam um lugar ao sol?

A resposta para a primeira pergunta é ampla e não cabe aqui, mas existem diversas maneiras de obter receitas via produtos de comunicação na internet e outras surgem rotineiramente, fruto de estratégias empresariais que foram testadas e se mostraram viáveis, como modelo de negócios. A segunda pergunta também não é simples, mas passa por marca de credibilidade, jornalismo atuante e incansável, qualidade de conteúdo e de veiculação (técnica), envolvimento com as entidades e associações e, por fim, ética e “isenção”. Nesta nossa sociedade fragmentada e plural, sempre haverá espaço para os que lutam pela liberdade de informação e pelo respeito às instituições, ideários que o jornal A Voz da Serra defende há 70 anos.

Não sou guru para prever o futuro do jornalismo ou de A Voz da Serra, mas tenho convicção de que ela vai continuar sua trajetória de sucesso (e mudanças) por muitos anos, assim como o jornalismo vai continuar mudando, sem deixar de servir ao bem comum, valorizar o trabalho sério e ser norteado pela ética. 

Parabéns ao Jornal A Voz da Serra. É um grande prazer comemorar com toda a sociedade friburguense seus 70 anos de sucesso.

*Jorge Maroun é jornalista, professor e coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade Estácio de Sá, campus Nova Friburgo

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