Em um ano conturbado, marcado pela recessão econômica e crise política, o resultado entre o número de admissões e desligamentos não poderia ser diferente: negativo. Em Nova Friburgo, de acordo com dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, as demissões superaram as contratações em 1.267 postos formais.
Segundo o levantamento do Caged, de janeiro a dezembro de 2016, a cidade registrou 14.362 admissões e 15. 629 desligamentos. Em 2015, o número foi ainda maior: 16.569 admissões contra 18.212 desligamentos; uma variação negativa de 1.643 vagas. Somando os dois anos, a cidade fechou 2.910 postos de trabalho.
Desempregado há um ano e meio, José Wilton Vieira, de 51 anos, tem feito bicos como ajudante de pedreiro para ajudar no orçamento familiar. “Eu trabalhava em uma empresa do ramo de metal-mecânico, mas fui demitido junto com alguns colegas. Desde então não consegui nada na minha área e, para pagar as contas, o jeito foi aceitar os bicos”, disse.
A professora recém formada Carina de Cássia Araújo, de 27 anos, afirma que há dois anos presta concursos e busca vagas na sua área de conhecimento, mas não consegue oportunidades. Na falta do emprego fixo, ela também optou pelo trabalho informal. “Estou trabalhando como manicure. Atendo as minhas clientes na varanda de casa mesmo e tenho conseguido ajudar o meu marido com as despesas da casa”, disse.
Outro dado da pesquisa que chama atenção refere-se a dezembro. O último mês do ano passado foi o que mais registrou demissões. Ao todo, foram 630 vagas de trabalho a menos em Nova Friburgo. Comparado com o mesmo período de 2015, quando foram registrados menos 42 postos de trabalho, o número é 15 vezes maior.
Maria Clara Chermont, de 24 anos, está entre os friburguenses que perderam o emprego em dezembro de 2016. “Eu trabalhava há uns sete meses em uma sapataria, mas fui dispensada antes mesmo do Natal, quando geralmente o comércio contrata”, afirmou.
Setores
Divididos por setores — como extrativa mineral, indústria da transformação, serviço industrial de utilidade pública, construção civil, comércio, serviços, administração pública e agropecuária — o Caged também detalha as áreas que mais abriram e fecharam vagas.
Em 2016, o destaque em Nova Friburgo ficou com o setor de serviços, com saldo negativo de 292 vagas de carteira assinada. Por conta da troca de governo, o setor de administração pública também ficou entre os com maior disparidade entre número de admissões e desligamentos. De acordo com o levantamento, de janeiro a dezembro foram apenas 12 contratações e 301 demissões. Tiveram destaque também a indústria da transformação e o comércio, com 288 e 252 postos de trabalhos a menos, respectivamente.
Ao contrário do ano passado, no mesmo período de 2015, o setor de serviços teve saldo positivo de 12 contrações. Já a indústria da transformação registrou o fechamento de 1.190 postos de trabalho, seguida do comércio, com menos 224, da construção civil (-172) e da administração pública (115).
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