Nova Friburgo continua sem atendimento do Samu

Base foi instalada há 6 anos no Raul Sertã, mas falta pessoal e infra-estrutura para o serviço funcionar
quinta-feira, 10 de agosto de 2017
por Guilherme Alt
Base operacional tem ambulância, que não é usada (Foto: Henrique Pinheiro)
Base operacional tem ambulância, que não é usada (Foto: Henrique Pinheiro)

Há seis anos, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que promove primeiros socorros, atendimentos de urgência e resgates,chegou à Nova Friburgo, mas o serviço até hoje não está em funcionamento. O objetivo inicial era realizar atendimentos a pacientes no entorno do distrito de Lumiar, onde ficava a base operacional.

A base do Samu atualmente encontra-se no Hospital Municipal Raul Sertã, onde uma placa na calçada da Rua General Osório anuncia o serviço com destaque para o telefone 192, para recebimento dos chamados dos pacientes. Com as obras já finalizadas, o setor que fica em um anexo do prédio da Escola de Enfermagem Nossa Senhora de Fátima, no pátio do hospital, parece estar em bom estado e pronto para o uso. A ambulância do Samu, inclusive, permanece estacionada na base operacional, mas não é utilizada.

Funcionários do hospital que não quiseram se identificar afirmam que nunca viram a ambulância do Samu ser usada. “O carro (ambulância) fica parado o dia todo, até hoje eu não vi prestar socorro algum”, disse um deles com um sorriso irônico ao ser perguntado se o serviço estava em funcionamento.

De acordo com a Subsecretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Nova Friburgo, o espaço destinado ao Samu no Hospital Raul Sertã sofreu modificações entre o final de 2014 e início de 2015 para atender a necessidade do serviço. Para a efetivação do Samu, no entanto, é necessária a contratação de pessoal e a estruturação da base descentralizada de Lumiar. No Hospital Municipal Raul Sertã existe apenas uma ambulância e é ela que fica disponível para atendimento à população.

Corpo de Bombeiros

O Corpo de Bombeiros atua em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde para suprir a demanda da população em chamadas emergenciais. De acordo com a capitã Lia, assim como no Raul Sertã, na corporação militar há apenas uma ambulância para prestar socorros em Nova Friburgo. A capitã ressalta ainda o esforço do Corpo de Bombeiros para atender a todas as chamadas e torce para que o Samu seja implantado logo. “Nós atendemos em toda região. Desde Lumiar até Conquista, indo nos lugares mais distantes. Já realizamos atendimentos na Estrada Serramar, inclusive. Se o Samu estivesse funcionando iria nos ajudar bastante”, acredita a militar.

Atendimentos prioritários

Segundo a capitã Lia, por ter apenas uma ambulância na unidade, o Corpo de Bombeiros pede que a população entenda a relevância de atendimentos prioritários. O Corpo de Bombeiros está autorizado a realizar atendimentos em propriedades particulares, mas só em casos extremamente emergenciais, com explica a capitã. “Se alguém cai de uma altura e fica desacordado, ou acontece uma fratura exposta, um acidente de gravidade alta, a população pode ligar para a nossa central que nós vamos socorrer. Quando é algo grave, mas que necessita de um atendimento imediato ainda mais rápido, como por exemplo um infarto, nós aconselhamos que a pessoa tente um meio de transporte que seja mais rápido e vá para o hospital, pois a nossa unidade não chegaria a tempo de socorrer”, esclarece.

Esse último conselho pode ser encarado como um absurdo, mas na realidade é bastante válido. Por ter apenas uma ambulância, tanto o Raul Sertã quanto o Corpo de Bombeiros podem estar em atendimento em outro local, não podendo dar suporte a tempo hábil à pessoa que está infartando, por exemplo.

Isso implica em um pedido da capitã Lia à população: “Se a pessoa tem um mal-estar, sofre uma queda de relevância pequena ou se por algum motivo o cidadão com problema não apresenta risco iminente, pedimos que tentem localizar algum familiar ou alguém que possa levá-lo para a urgência do Hospital Raul Sertã. Com isso, evita-se que as ambulâncias, que já são poucas, sejam deslocadas, às vezes para lugares de difícil acesso, em situações sem risco e nós possamos dar prioridade para atendimentos mais urgentes”, pondera a capitã.

“Quando deslocamos as ambulâncias do Corpo de Bombeiros ou do Raul Sertã para atender a um chamado que não oferece riscos graves à vítima, nós vamos até o fim, preenchendo os dados, formulários, realizando os primeiros exames. Se surgir uma outra situação ainda mais emergente enquanto estamos realizando esse atendimento sem tanta gravidade, não podemos parar o que estamos fazendo e nos dirigir para o outro local, mesmo que seja uma emergência ainda maior. Por isso pedimos compreensão às pessoas”, completa a capitã bombeiro.

O que diz a prefeitura

“Embora o Samu não esteja em funcionamento na data atual, este serviço vem sendo estruturado ao longo dos anos e possui como pré-requisito para início das atividades a base operacional com toda a identificação visual.

Esta gestão não está medindo esforços para a implementação do mesmo. Trata-se de um serviço de relevância que necessita de estrutura para o funcionamento. Até que o Samu de fato aconteça, o município disponibiliza um serviço municipal que é acionado através do número 192, que faz os atendimentos domiciliares. As ocorrências em vias públicas e estabelecimentos comerciais são atendidas pelo Grupamento de Socorro e Emergência do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, através do número 193.

 

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