A cerâmica, ou a arte do barro (argila), é uma manifestação artística que os indivíduos que habitavam as mais longínquas regiões da Terra aprenderam a dominar há milhares de anos. A arte da cerâmica foi descoberta há 10 mil anos na Ásia Central e na Europa, e há 6 mil anos na América do Sul. Neste domingo, 28, é celebrado o Dia do Ceramista, e neste espaço A Voz da Serra homenageia seus artistas.
Desde os tempos mais remotos, as pessoas faziam objetos e figuras em cerâmica. Os objetos tinham finalidades práticas, algum tipo de utilidade, como guardar sementes e grãos, transportar água, cozinhar alimentos, entre outras tarefas da vida cotidiana.
Mas o interesse na modelagem do barro foi também empregada por estes povos para expressar gostos e crenças. Ao se expressar através de rudimentares apetrechos, criaram uma linguagem artística que atravessaria os séculos e, aperfeiçoada, atingiria o nível de sofisticadas peças decorativas. Modeladores de figuras que representavam seus deuses, seus semelhantes ou cenas da vida cotidiana, esses habitantes primitivos deixaram marcas próprias, que serviram para se reconhecerem entre si e para serem reconhecidos pelos outros.
Os estudiosos do assunto afirmam que a cerâmica é a mais antiga das indústrias, nascida no momento em que o homem começou a utilizar-se do barro endurecido pelo fogo. Desse processo de endurecimento, obtido casualmente, multiplicou-se. A cerâmica passou a substituir a pedra trabalhada, a madeira e mesmo as vasilhas (utensílios domésticos) feitas de frutos como o coco ou a casca de certas cucurbitácias, como abóbora, melão, melancia, entre outros.
Hoje, a cerâmica decora todo tipo de ambientes, dos mais simples aos sofisticados. É uma arte bem difundida em todo o mundo, como as peças do casal de ceramistas carioca Elizabeth Fonseca e Gilberto Paim, radicados em Friburgo desde 1981. A cidade comporta um número respeitável de artistas como Marisa Poyares, Chico Sasek, Ani Ressel, Raldo Bonifácio, Luciléa Noel, Lúcia Gomes, Margarethe Albrecht, Francis Kastalski, entre outros.
Origens
As primeiras cerâmicas que se tem notícia são da Pré-História: vasos de barro, sem asa, que tinham cor de argila natural ou eram enegrecidas por óxidos de ferro. Nesse estágio de evolução ficou a maioria dos índios brasileiros. A tradição ceramista — ao contrário da renda de bilros e outras práticas artesanais — não chegou com os portugueses ou veio na bagagem cultural dos escravos.
Os índios já tinham firmado a cultura do trabalho em barro quando Pedro Álvares Cabral desembarcou no Brasil. Portanto, os colonizadores portugueses não apresentaram nenhuma novidade, embora tenham estruturado e concentrado mão de obra ao montar as olarias.
Sem dúvida, o processo rudimentar indígena passou por modificações com as instalações de olarias nos colégios, engenhos e fazendas dos jesuítas, onde se produzia além de tijolos e telhas, também louça de barro para consumo diário.
Quando os populares santeiros, que invadiram Portugal no século 18, introduziram a moda dos presépios, surgiram os bonecos de barro em nossas feiras. Imagens de Cristo, da Virgem Maria, de santos e de anjos começaram a aparecer. Os artistas viviam à sombra e em função da Igreja e de seus personagens e passagens bíblicas. O mais célebre artista desta fase foi Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Mesmo o índio desconhecendo o torno e operando com instrumentos rudimentares, conseguiu criar uma cerâmica de valor, que dá a impressão de superação dos estágios primitivos da Idade da pedra e do bronze. Assim chegamos aos tempos atuais, com as peças de cerâmica despertando admiração e respeito como uma legítima expressão artística.
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