O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) quer que a Polícia Civil instaure inquérito para investigar a suspeita de que materiais estariam sendo furtados do canteiro de obras do Hospital do Câncer, em Nova Friburgo. O pedido foi feito pela Promotoria de Justiça de Investigação Penal depois de uma denúncia da Associação de Moradores e Amigos da Ponte da Saudade (Amaps), noticiada por A VOZ DA SERRA.
Na última quarta-feira, 21, o presidente da Amaps, José Roberto Folly, encontrou uma lixeira contendo tubos de conexão e chapas de aço, na Rua Prefeito César Guinle, perto do hospital. Um morador contou a ele que viu, na terça-feira, 20, um homem lançando a lixeira e sacolas com as peças por cima do portão do canteiro. “As obras estão abandonadas e dinheiro público está indo pelo ralo”, disse Folly. Na quinta-feira, 22, a queixa-crime foi registrada no MP.
Em agosto, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) vai realizar uma audiência pública, a pedido do deputado estadual Wanderson Nogueira (Psol), para discutir a retomada das obras. O encontro, promovido pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Câncer, também deve projetar o início do funcionamento da futura unidade de oncologia do estado.
“Já passou do absurdo a paralisação das obras há mais de um ano e a total ausência de respostas oficiais. Não dá pra atrelar tudo à crise do Estado e ficar de mãos atadas. É preciso se movimentar e encontrar alternativas para que as obras voltem imediatamente e também é importante, desde já, pensar no funcionamento do hospital, talvez com parcerias de instituições”, disse o deputado.
Com o tema “Cadê o Hospital do Câncer de Nova Friburgo? A paciência esgotou!”, a audiência pública vai acontecer somente no dia 9 de agosto, por causa do recesso parlamentar de julho. A audiência já está sendo planejada e deve contar com a presença de representantes do estado, responsáveis pelas obras, prefeitos da região Centro-Norte fluminense e instituições de saúde.
As obras no hospital foram interrompidas no segundo semestre do ano passado, assim que entrou em vigor o estado de calamidade financeira, decretado em junho pelo governador em exercício, Francisco Dornelles, devido à crise no Rio. A reforma para adequação do prédio, onde funcionou, na década de 1990, o Centro Adventista de Vida Saudável (Cavs), começou em abril de 2015 e seria entregue no primeiro semestre de 2016.
Com orçamento de R$ 93,6 milhões - sendo R$ 10 milhões para desapropriação, R$ 45,7 milhões para as obras e R$ 35 milhões para compra de equipamentos - o projeto prevê que a unidade vai contar com 200 leitos, sendo 30 destinados à infância, cerca de 300 consultas por dia e até quatro mil cirurgias por ano. O hospital terá capacidade de atender 500 mil pessoas por ano.
Procurada na semana passada, a Secretaria Estadual de Obras informou que comunicou a denúncia à FW Empreendimentos Imobiliários e Construções Ltda para que “a empresa tome providências a fim de preservar o canteiro de obras, que é de sua responsabilidade”. A construtora não respondeu o e-mail de A VOZ DA SERRA. O governo não informou qual a nova previsão de entrega das obras.
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