É inegável que a natureza e o circuito gastronômico do distrito de Mury são grandes atrativos para turIstas e friburguenses que buscam alternativas para um fim de semana mais tranquilo. No entanto, enquantoo sossego impera nas casas e hotéis rodeados pelo verde, o grande fluxo de veículos gera o contraste. A localidade é cortada pela RJ-116, principal ligação entre Nova Friburgo e a região metropolitana do Estado. E é exatamente aí onde mora um dos maiores problemas apontados por moradores e por quem precisa passar pelo distrito constantemente: o trânsito.
De acordo com dados divulgados pela Rota 116, concessionária que administra a via, apenas no trecho entre o quilômetro 70 – em Mury – e o quilômetro 78 – na Ponte da Saudade – foram registrados 46 acidentes apenas de 1º de janeiro a 13 de maio deste ano, com 25 vítimas feridas e uma vítima fatal. No mesmo período do ano passado, duas pessoas morreram.
Um dos pontos do trecho que mais gera apreensão na população é o trevo de acesso à RJ-142 (Nova Friburgo-Casimiro de Abreu), principal ligação com os distritos de Lumiar e São Pedro da Serra e ainda as praias de Rio das Ostras, principalmente depois que a estrada, conhecida como Serramar, foi pavimentada entre Lumiar e Casimiro de Abreu, aumentando o fluxo de veículos na região. Adriano Blaudt, de 40 anos, tem um comércio na localidade e admite já ter assistido muitos acidentes por ali. Para ele a falta de sinalização agrava ainda mais a situação. “Os semáforos ficam localizados em pontos pouco estratégicos e alguns não funcionam direito, sem contar que há anos estamos pedindo para que um radar seja instalado e nada acontece. Precisamos de um radar por aqui, já chegamos a organizar e entregar um abaixo-assinado, com mais de sete mil assinaturas, ao prefeito e mesmo assim não adiantou” afirma Adriano.
Para quem precisa dirigir diariamente pelo local o medo é ainda maior. “Moro e trabalho em Mury, mas preciso usar minha moto todos os dias e confesso que tenho medo. Já vi muitas pessoas se envolverem em acidentes aqui e, na maioria dos casos, se não ficaram gravemente feridas, elas morreram”, conta o motociclista Peterson da Costa Frossard, de 24 anos. O jovem ainda aponta outro fator alarmante: “Normalmente as pessoas esperam o sinal no Centro de Mury fechar para atravessar na faixa de pedestres, o que é o certo, mas aqui isso não adianta. É preciso olhar para os lados várias vezes antes de tentar passar para a outra calçada porque ver motorista ultrapassando o sinal é muito comum. A gente precisa de mais sinalização e fiscalização sim, até porque o fluxo de carros e caminhões é muito grande, mas os motoristas também precisam ser mais conscientes. A imprudência é absurda”.
Para quem passa a pé a atenção também precisa ser, de fato, redobrada. Em alguns trechos as calçadas e acostamentos se tornaram estacionamento de veículos e caminhões de carga e descarga do centro comercial do distrito. E aí, andar na beira da estrada acaba sendo a única alternativa. “A gente sabe que passar por aqui é perigoso, mas não tem outra opção”, comenta uma moradora.
A equipe de A VOZ DA SERRA entrou em contato com a Prefeitura em busca de respostas para as reclamações apresentadas por moradores, mas, até o fechamento desta edição, não obtivemos retorno.
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