Conhecido por ser um bairro de famílias antigas, Duas Pedras tinha tudo para ser uma localidade estruturada se não fosse a falta de serviços básicos. Segundo os moradores, o descaso aumentou depois da tragédia que afetou a Região Serrana em janeiro de 2011. Apesar das obras de um muro de contenção realizadas na Rua São Pedro, muitos problemas urbanos ainda estão pendentes. O bairro foi um dos mais afetados pela tempestade de 2011. O abandono do local é o que mais causa revolta na população de Duas Pedras. Casas condenadas que não são demolidas, ruas destruídas e tomadas pelo mato, falta de sinalização nas vias e de galerias para o escoamento de água são os principais protestos dos moradores.
O Córrego dos Mosquitos, que corta grande parte da localidade e em alguns trechos margeia casas e, em outros, é canalizado com parte do leito sob os imóveis, também é uma das principais reclamações da população local. Por falta de planejamento, a água das chuvas captada das montanhas é escoada para a RJ-130 (Nova Friburgo-Teresópolis), no trecho próximo ao Hospital São Lucas. Com isso, a Rua João Belório que dava acesso a rodovia foi fechada com uma camada de cimento para evitar que a enxurrada que sempre desce pela pista da estrada a cada chuva invada as casas.
Segundo os moradores, a solução seria a construção de uma galeria, onde a água pudesse ser escoada para o Córrego dos Mosquitos garantindo a segurança da população, mas até hoje, infelizmente, nada foi feito. A vice-presidente da associação de moradores do bairro, Rosimar Rodrigues, se pronunciou, revoltada: "O problema na estrada continua, com muita água descendo toda vez que chove. Tudo está igual por aqui. Nada muda. É um descaso total. A galeria até hoje não foi feita, ninguém tocou mais no assunto. É só projeto, só licitação, chega dinheiro, sai dinheiro, dinheiro some e a gente não vê nada”, indignou-se.
Falta de manutenção: outra queixa
A falta de capina nas ruas também é outro requisito para reclamações. Adélia Melanda, moradora de Duas Pedras há 53 anos, afirma que o local está abandonado. "A capina aqui há meses não acontece. Os moradores é que fazem mutirão de limpeza das ruas. O bairro está abandonado. O governo é que deveria fazer alguma coisa por nós. As autoridades não fazem nada para melhorar a nossa situação aqui”, disse a dona do bar na Rua Deolinda da Silva — onde o asfalto foi destruído pelas chuvas e a rua substituída por uma pequena passarela de concreto construída pela Prefeitura e improvisada com uma escada de madeira pelos moradores.
A ausência de sinalização nas ruas e o estado precário do parquinho para o lazer das crianças na pracinha bem no Centro do bairro também estão entre as reclamações. Outra moradora questiona a falta de sinalização em diversas ruas do bairro, o que, na opinião dela, é uma das causas de os ônibus não circularem mais pela parte alta de Duas Pedras.
"As carretas param na rua principal e às vezes a gente enfrenta problemas porque o ônibus não consegue subir. São carros parados onde não deveriam. Teria que estipular onde pode estacionar, senão trava o trânsito lá em baixo e os ônibus não sobem”, disse, insatisfeita. A coleta de lixo é apontada pelos moradores como o único serviço regular e de qualidade no bairro.
Prefeitura anuncia mutirão
Na manhã de ontem, 26, o prefeito Rogério Cabral, o secretário municipal de Obras, Alexandre Cruz, e Marcio Damazio, presidente da Câmara de Vereadores, vistoriaram todo o bairro e enumeraram as intervenções mais urgentes, que precisam ser realizadas e que são de competência do poder público municipal.
Já a partir da semana que vem dois grupos de operários da Secretaria de Obras irão iniciar um mutirão para nivelar calçamentos, tapar buracos e atender outras demandas dos moradores. Também é previsto outro mutirão de capina e roçada nas ruas. O serviço será promovido pelas equipes da Secretaria de Serviços Públicos.
A Prefeitura também irá promover uma série de intervenções na Rua São Pedro e arredores, como a limpeza de bueiros. Rogério Cabral também vistoriou as obras de asfaltamento realizadas na Rua Benjamin Constant. A extensão da pavimentação até a Avenida dos Ferroviários, na altura do acesso aos loteamentos do Lazareto e São Cristóvão — no entanto, dependem de outras intervenções para drenagem.
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