Maioria das escolas da rede pública de Friburgo não possui quadras esportivas

Plano Nacional de Educação prevê espaço para o lazer e prática desportiva dos alunos; número reduzido de bibliotecas também preocupa no município
terça-feira, 06 de outubro de 2015
por Dayane Emrich
No Colégio Estadual Tuffy El-Jaick a quadra esportiva temporatiamente não está sendo utilizada pelos alunos (Foto: Lúcio Cesar Pereira)
No Colégio Estadual Tuffy El-Jaick a quadra esportiva temporatiamente não está sendo utilizada pelos alunos (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

Situada no distrito de Riograndina, a Escola Municipal Estação do Rio Grande vem enfrentando alguns problemas—entre eles, a falta de um local apropriado para a prática de esportes. De acordo com um professor, que preferiu não se identificar, a escola não possui quadra para as aulas de educação física. “Nós usávamos a quadra da comunidade, que fica aqui perto, mas, desde a tragédia de janeiro de 2011, não a utilizamos, porque o espaço está sem condições de receber os alunos”, comentou o docente.

Outro exemplo é o Colégio Estadual Tuffy El-Jaick, no bairro Duas Pedras. Segundo a coordenadora geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), Keli Moraes de Abreu, o colégio também teve sua quadra afetada pela enchentes de 2011, há quatro anos, e desde então—como não houve reformas—não pode ser utilizada pelos alunos. Keli explica ainda que os alunos vão ao Sesc ou ao Ginásio Poliesportivo José Pereira da Silva para realizar as aulas de educação física. “É uma situação complicada para o professor: sair da escola com um grupo de 30 alunos, atravessar a rua. Já aconteceu até de um aluno ser assaltado no trajeto”, exclamou ela.  

O que preocupa, no entanto, é que estes não são casos isolados. Um levantamento feito por A VOZ DA SERRA constatou que, das 152 escolas públicas do município—considerando 126 da rede municipal e 26 da rede estadual de ensino—apenas 33 possuem algum espaço para a realização de atividades físicas, ou seja, 21% delas. No total entre as instituições estaduais, 16 escolas dispõem de quadra poliesportiva, enquanto em outras dez os alunos não têm onde praticar esportes. Na rede municipal, os números são ainda mais preocupantes, pois das 126 escolas, incluindo creches, somente 17 possuem campo, pátio ou quadra, o que representa 13,4%.

Quesitos leitura e inclusão digital também deixam a desejar

Se a ausência de quadras poliesportivas para os alunos se exercitarem e desenvolverem o gosto pelo esporte é um problema, a inexistência de bibliotecas em muitas das instituições de ensino em Nova Friburgo vai contra o que manda o figurino. Pregado como um hábito essencial ao desenvolvimento social, emocional e cognitivo dos estudantes, a leitura deveria ser o carro chefe da educação.

Contudo, de acordo com o levantamento de A VOZ DA SERRA, das 152 escolas da rede pública na cidade, só 46% tem biblioteca, isto é, 82 instituições não oferecem o serviço aos estudantes. Neste quesito, a rede estadual tem números satisfatórios, já que das 26 unidades em Friburgo, 23 possuem o espaço. Em contrapartida, a rede municipal não atende às expectativas, oferecendo salas de leitura em apenas 47 colégios, dos 126 que existem.

Embora mais otimistas, outros números que também chamaram a atenção referem-se aos laboratórios de informática—96% das escolas estaduais de Friburgo possuem computadores com internet para os alunos. Já entre as municipais, apenas 64 unidades têm salas de informática.

Sete itens de infraestrutura básica para escolas

Em vigência desde junho de 2014, o Plano Nacional de Educação (PNE) é uma lei prevista na Constituição Federal, que estabelece diretrizes, metas e estratégias de concretização no campo da educação.

Entre os temas abordados, o documento determina sete itens de infraestrutura básica para as escolas. São eles: água tratada, energia, esgoto, biblioteca, quadra de esporte, internet e laboratório de internet. Mas, ainda que estes pareçam elementos óbvios, como pode se observar em Nova Friburgo, diversas escolas não conseguem se encaixar em todos os quesitos, o que põe em risco a qualidade do ensino e a aprendizagem dos alunos.

É o que explica Sidney de Moura, coordenador geral do Sepe. “A educação precisa de espaços adequados. Quando isso não acontece os alunos ficam estressados, o professor adoece”, disse ele, destacando a situação precária da rede elétrica do tradicional Instituto de Educação de Nova Friburgo (Ienf), no centro da cidade. “A situação do colégio é preocupante. Há gambiarras por toda parte, fiação exposta, um perigo para alunos e funcionários”, exclamou.

Coordenadora do sindicato e professora da rede estadual, Keli desabafa: “Além da estrutura ruim, falta material humano. Infelizmente, a escola ideal, que a gente sonha, ainda é inviabilizada pelo poder público”.  

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