Obras de arte que já foram referência para moradores e turistas que vinham para Nova Friburgo, os imponentes leões situados nas colunas de entrada do Centro de Arte e da Academia Friburguense de Letras (AFL) estão relegados a segundo plano. Além de estarem a cerca de cinco metros do chão, distantes do alcance da população, as peças estão sofrendo com a falta de conservação. Basta um olhar mais atento para verificar que elas estão sendo corroídas pela ferrugem, o que vem contribuindo com sua desvalorização.
O problema tem sido alvo de queixas encaminhadas à redação de A VOZ DA SERRA. Alguns moradores mais antigos reclamam que os leões merecem mais cuidados de manutenção e poderiam estar em um lugar de maior destaque, a exemplo do que era no passado. Ainda há quem lamente a retirada dos felinos das bases próximas ao chão que decoravam a entrada lateral da Prefeitura e da antiga Câmara Municipal, onde atualmente funciona a Fundação Dom João VI. Isso porque as obras podiam ser apreciadas e serviam até de cenário para fotos que se tornaram um registro clássico de gerações de friburguenses.
Fundação D. João VI informa que iniciará limpeza e manutenção
A redação do jornal solicitou nota à prefeitura sobre a questão e recebeu a seguinte resposta: “A Fundação D. João VI informou que o casarão da praça, Solar do Barão de Nova Friburgo, passa por reformas amplas de restauração necessárias aos projetos em curso pela Fundação: o museu que ocupará o primeiro piso do prédio e a recuperação da galeria de artes e teatro situados no piso inferior. Além das reformas dos itens de infraestrutura do complexo de prédios como, por exemplo, hidráulica, elétrica, telhado etc., está em curso a restauração de partes importantes do conjunto arquitetônico, entre elas a restauração da fachada e entorno, obedecendo as determinações do Inepac e Iphan. A recolocação dos portões laterais e o reposicionamento dos leões em seus locais de origem é parte de um rigoroso projeto já executado. Nos próximos dias será iniciada manutenção preventiva de limpeza dos leões e aplicação de produto para evitar a corrosão excessiva provocada pela oxidação.”
Obras de raro valor que já estiveram em vários pontos
Os imponentes leões são obras de arte raras, de imenso e reconhecido valor, inclusive no mercado internacional. Isso porque foram fabricados nos idos de 1840 pela Fundição Ducel, na França, mantida por três gerações da mesma família: Jacques Ducel, Jean-Jacques Ducel e Jacques-Gustave Ducel. Desde 1829, foi uma das maiores fundições de arte na França até a morte de Jean-Jacques Ducel, em 1877. Peças feitas durante o período da família Ducel são de grande raridade e importância cultural no mundo.
Os quatro exemplares dos leões existentes em Nova Friburgo são peças praticamente exclusivas no Brasil. Apenas outros dois, produzidos nos mesmos moldes, existem no país. Segundo pesquisa da Fundação Dom João VI, as peças devem ter sido adquiridas pelo Barão de Nova Friburgo numa de suas viagens à Europa na loja da fundição de Ducel, situada na antiga "Rue des Quatre Fils", atual "Boulevard Poissonnière", em Paris.
Inicialmente, os quatro leões foram colocados em colunas na frente da Casa do Barão, dois de cada lado, compondo a fachada neoclássica da preciosa edificação situada na Praça Getúlio Vargas. Desde 1921, quando a prefeitura adquiriu o solar do barão, os leões foram sendo deslocados de acordo com as políticas públicas municipais. Foram colocados em frente à Academia Friburguense de Letras, que servia de locação para fotos, na Faculdade de Odontologia, no Hospital Raul Sertã, em frente ao Centro de Arte, em frente à prefeitura e foram parar até mesmo na fazenda de um determinado prefeito. Danificados, dois dos quatro leões foram restaurados e recolocados no local originalmente concebido pelo barão.
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