Jornalista defende destaque ao marco geodésico da Getúlio Vargas

Girlan Guilland lembra o apelo turístico de Nova Friburgo ser o centro geográfico do Estado do Rio
terça-feira, 31 de outubro de 2017
por Girlan Guilland
O marco geodésico na Praça Getúlio Vargas
O marco geodésico na Praça Getúlio Vargas

“Coração de Friburgo a pulsar cada dia

desde que  o céu se tinge ao rubor matinal,

para mim, não és praça somente, eu diria

que és, a um são tempo praça, e imensa Catedral”

(‘Catedral dos Eucaliptos’ - J.G. de Araújo Jorge,

in ‘Canto a Friburgo’, 1961)

 

Excelente iniciativa de A VOZ DA SERRA a série de reportagens com enfoque inicial nas nossas praças, depois nos prédios históricos friburguenses, exatamente a partir do último sábado, 28, marco histórico dos 200 dias que nos separam do bicentenário de Nova Friburgo.

Maior praça plana de uma região serrana em todo o país, com 18.500 metros quadrados, a atual Getúlio Vargas, originariamente Princesa Izabel (no Império) depois XV de Novembro (República), é o maior ponto de convivência social da cidade. Verdadeira sala de estar, síntese do parque ambiental de belezas naturais verdejantes que circunda a urbe habitada, esta representando somente 5% de todo nossa área territorial.

Quem nunca madrugou na Getúlio Vargas, assistindo ao amanhecer friburguense, ao som da perfeita e harmoniosa sinfonia de pássaros (pardais, canários, sabiás, bem-te-vis, sanhaços, saíras) não conhece, verdadeiramente, a beleza daquele nosso bucólico e, ao mesmo tempo, monumental boulevard.

Aproveito para sugerir a todos os friburguenses que de fato amam Nova Friburgo, e se interessam por sua história ímpar, a leitura de ‘A história da Praça Princesa Izabel em Nova Friburgo: o projeto esquecido de Glaziou’ (2007), tese de mestrado do urbanista friburguense Luiz Fernando Dutra Folly (Fau/UFRJ), atual presidente da Fundação Dom João VI.

ive acesso ao documento exatamente no ano de sua conclusão, quando também conheci o autor. Atualmente a obra pode ser livremente acessada na internet ou nos arquivos do Pró-Memória, ao qual o próprio Folly doou cópia, em 2009, durante palestra sobre o tema, que promovemos em conjunto com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), no então denominado ciclo ‘Quartas na História’, já a época em projeto alusivo ao bicentenário friburguense.

A publicação destaca o trabalho do paisagista francês Auguste François Marie Glaziou, trazido ao Brasil em 1858 pelo imperador Dom Pedro II, que o nomeou diretor de Parques e Jardins da Casa Imperial e inspetor dos jardins municipais, sendo autor dos projetos de remodelação do Campo de Santana, do Passeio Público e da Quinta da Boa Vista, no Rio, e também indicado, em 1880, pelo 2º Barão de Nova Friburgo, Bernardo Clemente Pinto, para projetar os jardins de nossa praça, além de ser o autor do paisagismo do Parque São Clemente, onde hoje está o Country Clube.

Como expõe o autor em sua dissertação, cobrindo período de um século (1819 a 1919), a Princesa Izabel “provavelmente é a única praça de Glaziou, realizada segundo os moldes dos jardins franceses do século 17”, e ainda também tendo o botânico se inspirado no Boulevard Richard-Lenoir (1863), uma das obras das reformas de Paris, executadas por Hassmann e concretizada pelos arquitetos Belgrad e Davioud. Portanto, é trabalho indispensável para comprovar o significado e a importância da Praça Getúlio Vargas no contexto histórico do município.

Mas falta dizer ainda, antes de encerrar essas linhas e deixo aqui como a minha contribuição de cidadão friburguense, que sempre busca e defende o melhor para nossa terra, certo de que não estou sozinho neste pensamento: além de todos os benefícios que a reportagem revela que nossa praça precisa e urge, um resgate que não pode ser esquecido, sobretudo no momento do transcurso dos dois séculos de história da cidade, que um dia foi vila criada por ato do próprio rei Dom João VI.

É preciso cuidar para que o marco geodésico não continue sendo apenas uma peça em bronze, na formalidade de um artefato protegido por lei específica inclusive, mas que não diz nada para a população e os visitantes, ao passo que, pelo contrário, ele representa muito, e quer nos dizer muito mais: ele diz, comprova, afirma e grita: Nova Friburgo é o centro geográfico do Estado do Rio de Janeiro. Sendo assim, do ponto de vista turístico, não podemos continuar menosprezando e desperdiçando mais esse atrativo, sobretudo em tempos de “selfies”, que viralizam pelas redes sociais.

É mais do que necessário ao local uma ambiência adequada, onde friburguenses e turistas possam ter o palco para seus ‘minutos de fama’, como personagens centrais, de um cenário já pronto, mas que hoje não traz referência alguma à percepção de todos. Bem ali, aos pés da estátua do ex-presidente que dá nome ao logradouro, visível, mas quase escondido, inclusive pisado pelos que param para ler a carta testamento, sem se dar conta do significado daquele círculo de metal, com algumas letras e números (foto).

Não há duvida alguma que esse é um dos legados que se pode perpetrar no bicentenário que se avizinha, capaz de colocar a nossa praça num patamar especial, não só em Nova Friburgo, mas no Estado do Rio e em todo o Brasil. Afinal de contas, quem não quer estar no centro das atenções? Quem não vai querer vir a Nova Friburgo para eternizar sua imagem em pleno coração da terra fluminense?

#marcodocentrogeográficojá

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TAGS: Turismo | 200 anos
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