Inverno deste ano teve menor registro de queimadas em relação a 2014

"Todo dia colocam fogo na vegetação do terreno, que tem mais de 300 metros. Para que isso?"
sexta-feira, 09 de outubro de 2015
por Karine Knust
(Foto: Henrique Pinheiro)
(Foto: Henrique Pinheiro)

Davi tem quatro anos e sofre de bronquite alérgica. Não é sempre que os sintomas aparecem, mas, infelizmente, a história tem sido diferente de uns tempos para cá. Davi não consegue dormir porque tem falta de ar e tosse durante a noite. Mas o motivo não é apenas a constante mudança climática ou o ar seco, nem tampouco a poeira dos móveis. O vilão que provoca a crise de bronquite no pequeno é a fumaça provocada pela combustão de folhas secas.

A casa de Davi fica próxima a um terreno em obras no bairro Tingly, onde as queimadas ocorrem com muita frequência. “Todo dia colocam fogo na vegetação do terreno, que tem mais de 300 metros. Para que isso? Minha casa fica um nível acima do lugar onde o incêndio acontece e aí o vento traz toda a fumaça. Fico com o coração na mão quando meu filho começa a reclamar que não consegue dormir porque está com falta de ar. Mas não é só ele quem sofre, existem várias crianças no bairro que têm o mesmo problema, sem contar com os idosos. E, nesse calor, verão chegando, ninguém pode abrir a janela para refrescar a casa? Eu entendo que o local é particular, mas as pessoas precisam ter bom senso e atenção, porque essas chamas já atingiram outros lugares”, reclama o pai de Davi, Leonardo Frezi.

A queimada de entulhos e vegetação seca é uma ação ainda muito comum na cidade. De acordo com um levantamento, divulgado pelo 6º Grupamento de Bombeiro Militar (GBM) de Nova Friburgo, de maio a setembro deste ano—meses em que há maior incidência de incêndio em vegetação devido à estiagem—foram registrados 152 casos, 93 apenas nos últimos dois meses.

O que chama atenção, no entanto, é que mesmo com o clima extremamente seco no inverno deste ano, o número de ocorrências registradas entre os meses de maio e setembro do ano passado foi 66% maior: 253 casos. Agora, com o verão se aproximando e, com ele, as chuvas, é preciso estar atento. Já que incêndios realizados pela mão humana ainda são os que mais engordam as estatísticas.

A chamada “limpeza de terreno” é um dos métodos que provocam boa parte das queimadas. No entanto, além de causar transtornos para quem mora nas redondezas, o incêndio pode sair do controle e provocar grandes estragos. Por isso, não realizar queimadas próximo a residências e matas, carregar todo tipo de lixo (plásticos, papéis, restos de comida, etc) até encontrar uma lixeira apropriada para depositá-los e não jogar pontas de cigarros nem fósforos no chão são atitudes que podem evitar que o pior aconteça. Vale lembrar que, além de causar danos à flora, fauna e a saúde humana, provocar queimadas é crime previsto pelo artigo 38 do Código Florestal Brasileiro.

Os bombeiros orientam para sempre que for presenciada alguma cena de queimada, deve-se ligar para as autoridades responsáveis, que podem ser os bombeiros ou serviços florestais. “Se tiver certeza de que não corre perigo, tente abafar as chamas batendo nelas com ramos até a chegada dos bombeiros; se observar alguém suspeito de ter provocado o incêndio próximo ao local, anote descrições e marcas, cores e placas de veículos, tudo o que achar suspeito e que possa ajudar na identificação; não dê uma de curioso assistindo aos incêndios. Deixe livre o acesso para aqueles que combatem as chamas”, alerta o Corpo de Bombeiros. 

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TAGS: Incêndios florestais
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