Índios são atração na Praça Getúlio Vargas

​Tairã, Kulinã e Tserewawê ficam na cidade até o fim do mês
sexta-feira, 08 de julho de 2016
por Flávia Namen
Vindo diretamente da Tribo Xavante, no Mato Grosso do Sul, o índio Tairã está atraindo pessoas de todas as idades com seus conhecimentos sobre os remédios naturais (Foto: Lúcio Cesar Pereira)
Vindo diretamente da Tribo Xavante, no Mato Grosso do Sul, o índio Tairã está atraindo pessoas de todas as idades com seus conhecimentos sobre os remédios naturais (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

Diabetes, sinusite, varizes, úlcera gástrica, reumatismo, artrite, impotência sexual, problemas na próstata e bexiga. Esses são alguns dos males que podem ser tratados com ervas medicinais da Amazônia, segundo o índio Tairã. Vindo diretamente da Tribo Xavante, no Mato Grosso do Sul, ele desembarcou esta semana em Nova Friburgo com os companheiros Kulinã e Tserewawê. O trio está atraindo a atenção de quem passa pela Praça Getúlio Vargas. Tudo por conta da tenda que montaram próximo ao coreto, onde vendem uma variedade de produtos a base de plantas medicinais além das populares “garrafadas”.

Simpáticos e comunicativos, os índios vêm despertando a curiosidade de muita gente com suas explicações sobre os benefícios das ervas e raízes a granel, pomadas, loções e óleos. Munidos de microfones, eles esbanjam sabedoria popular ao mostrar as ervas indicadas para cada problema de saúde. “Quando usado do jeito certo, o remédio natural faz efeito. Tudo tem que ter a medida certa. Até água pode fazer mal se bebermos além da conta. Algumas comidas também são ruins para a saúde como os embutidos, enlatados e conservas. Esses são os males da cidade”, observou o índio Kulinã.

Com média de preços entre R$ 10 e R$ 20, os produtos estão tendo uma boa aceitação do público, que vem comprando os mais variados itens conforme as indicações dos índios, que se revezam na barraca. “Às vezes é melhor recorrermos a medicina popular para tratarmos de certos problemas. Até porque os remédios estão muito caros e conseguir uma consulta com um médico tem sido uma missão quase que impossível”, disse o aposentado Hélio José Ferreira.

Iniciativa autorizada a pedido do Iphan

Montada desde segunda-feira, 4, a tenda funciona das 9h às 18h e ficará na praça até o final deste mês. Segundo o índio Kulinã, a ação é uma iniciativa da Fundação Nacional do Índio (Funai) e está sendo promovida pela primeira vez em Nova Friburgo com intuito de resgatar e valorizar a cultura indígena. “Daqui, seguiremos para Alcântara, São Gonçalo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Bahia”, explicam os índios que estão hospedados em uma pousada no centro da cidade. “Estamos gostando muito de Friburgo e das pessoas, que estão nos recebendo bem. Minha vontade é de até sair casado daqui”, brinca Kulinã.

Os índios explicam que toda renda arrecadada com a venda dos produtos é revertida para os territórios a que pertencem.

“O dinheiro volta diretamente para as aldeias através de roupas, calçados e outras utilidades. O índio hoje já está aculturado e não vive mais isolado na floresta”, disse Kulinã, que pertence à tribo Xucuru Kariri, presente no sertão alagoano.

A montagem da tenda na Praça Getúlio Vargas tem gerado curiosidade e questionamentos de alguns frequentadores. A redação de A VOZ DA SERRA recebeu críticas de alguns leitores sobre a escolha de um local tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para divulgação da cultura indígena. “Por que não colocaram a barraca na Praça Dermeval ou na nova rodoviária, que tem uma área ampla e coberta? Acho que seria muito mais lógico”, disse a dona de casa Lecy Barbosa.

Vale destacar que a tenda conta com autorização da municipalidade por representar um “benefício social de interesse da coletividade”, conforme consta no documento. Em nota, a Subsecretaria de Comunicação Social da prefeitura diz que, segundo a Subsecretaria de Posturas, a tenda foi autorizada, atendendo pedido da secretária municipal de Cultura que, por sua vez, atende a pedido do Iphan, objetivando a apresentação da cultura indígena na cidade.

 

Foto da galeria
Repleta de itens como ervas e raízes da Amazônia, pomadas, loções e óleos terapêuticos, a tenda vêm despertando a curiosidade de quem passa pela praça (Foto: Lúcio Cesar Pereira)
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TAGS: praça getúlio vargas | IPHAN
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