Ibama conclui: aves mortas foram mesmo envenenadas

Análise a olho nu feita pelo órgão indica que pombos e passarinhos podem ter consumido chumbinho. Prefeitura pede que população não dê comida
segunda-feira, 17 de julho de 2017
por Alerrandre Barros
Veneno no milho dado aos pássaros, visto a olho nu (Foto de Henrique Pinheiro)
Veneno no milho dado aos pássaros, visto a olho nu (Foto de Henrique Pinheiro)

Uma análise a olho nu feita pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indica que os mais de 20 pássaros encontrados mortos, na última semana, no Centro de Nova Friburgo, foram envenenados por chumbinho. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 17, pelo escritório regional do órgão na cidade.

“Eu fiz uma análise macroscópica em dois pássaros, um silvestre e um pombo, e tudo indica que foram envenenados”, disse o fiscal e médico veterinário do Ibama, Benites Coelho. “Identifiquei também uma substância no milho triturado, jogado no local onde estavam os pássaros, que deve ser chumbinho”.

O órgão não tem estrutura para uma análise microscópica dos animais

Pombos, rolinhas, canários e sabiás foram algumas das espécies que apareceram mortas na manhã de terça-feira, 11, nos arredores da Avenida Campesina Friburguense. Os pássaros foram vistos caindo das árvores, próximo à ponte da Rua Comandante Ribeiro de Barros. Vários teriam sido levados pelas águas do Rio Santo Antônio. Outros estavam mortos nos telhados de casas e lojas.

A matança das aves, principalmente de pombos, repercutiu nas redes sociais e causou a indignação de moradores porque pode ter sido motivada pela proliferação da espécie na região. Quem passa pela Avenida Campesina vê muitos pombos no trecho e numa casa abandonada do outro lado do rio. O imóvel teria se tornado, segundo moradores, um local de reprodução da espécie.

“Conversamos com moradores e comerciantes, mas ninguém soube dizer quem pode ter colocado a comida com veneno no local. Como algumas pessoas têm o hábito de jogar alimentos às margens do rio, fica muito difícil identificar o responsável. De todo modo, quem fez isso provavelmente estava incomodado com a quantidade de pombos”, disse Coelho.

Aparentemente inofensivos, os pombos podem transmitir doenças pelas fezes ou pela plumagem, mas isso não justifica a matança. É crime ambiental, com previsão de multa e prisão, matar esses animais sem autorização dos órgãos ambientais. Na natureza, os pombos têm a função de controlar insetos e disseminar sementes das plantas que utilizam como alimento - as sementes são eliminadas nas fezes e germinam no solo.

A espécie costuma se proliferar no centros urbanos porque recebe alimentos de pessoas, como milho, pão e até restos de refeições. Com isso, os pombos deixam de buscar na natureza os alimentos adequados à sua dieta. Em locais onde há fartura de alimentos ocorre o aumento da população destas aves. Se há escassez de alimentos, a população tende a diminuir até chegar a um patamar de equilíbrio.

A Subsecretaria municipal do Bem-Estar Animal (Subea) pede, portanto, que a população não alimente os pássaros. Nas praças Getúlio Vargas e Dermeval Barbosa Moreira, servidores de Nova Friburgo costumam encontrar grande quantidade de alpiste e outros alimentos deixados para os pássaros. A Secretaria de Serviços Públicos informou que retirou a comida envenenada onde os pássaros foram encontrados.

Orientações

Vários fungos e bactérias podem se desenvolver nas fezes ressecadas dos pombos. A inalação da poeira desses restos, além do consumo de água e alimentos contaminados por estes micro-organismos, pode causar graves doenças respiratórias, como a Criptococose e a Histoplasmose. A plumagem do animal também pode causar alergias e dermatites.

Para evitar essas zoonoses, a pessoa não deve varrer as fezes secas dos pombos, mas umedecê-las com água e sempre usar máscara ou pano úmido na boca e nariz no momento da limpeza. O uso de água sanitária ou cloro também é recomendado. O mesmo deve ser feito ao limpar áreas, como vãos de telhados, por exemplo, que contenham penas desse tipo de ave. Outras informações com a Vigilância em Saúde Ambiental pelo telefone (22) 2543-6293.

 

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TAGS: Meio Ambiente | animais | maus-tratos
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