Homeopatia, um conceito de saúde

Uma entrevista com a médica pediatra Áurea Almada
terça-feira, 24 de novembro de 2015
por Ana Borges
(Foto: Facebook)
(Foto: Facebook)

Segundo a pediatra Áurea Almada, a sua opção pela homeopatia tem uma história bonita, que começou ainda na infância, quando foi tratada com homeopatia pelo médico Luiz Eugênio Neves. “Logo após o final do meu curso de medicina e da residência médica, meu ex-marido sofria muito com uma doença quando foi indicado o tratamento com homeopatia. Muito timidamente, com receio de me deixar constrangida, ele perguntou minha opinião. Ficou surpreso quando o apoiei, e lhe disse que a homeopatia para mim não era tão exótica assim! Daí passei a acompanhar as consultas dele, até que a médica assistente me convidou para o grupo de estudos. Assim iniciei meus estudos nesta área até fazer a especialização no Instituto Hahnemaniano do Brasil, no Rio de Janeiro. Não parei mais a minha prática.“ Nesta entrevista, Áurea Almada fala dos procedimentos adotados por ela em seu consultório.

A VOZ DA SERRA - Até que ponto o crescente interesse das pessoas pela vida saudável tem levado as pessoas a se tratarem com homeopatia? Ou não houve alteração significativa?
Áurea Almada - Apesar de aparentemente haver um crescente interesse das pessoas por uma vida saudável, isto não causou uma alteração significativa na procura de tratamentos com a homeopatia.

Já deu para perceber alguma diferença entre as mães dos anos 1990 e as do século 21?
Sim, é nítida a diferença. Atualmente, percebem-se mães movidas pelo apelo à tecnologia, que se envolvem equivocadamente em imediatismos e consumismos. A confiança no diagnóstico pelo quadro clínico é praticamente nula, sendo substituída pela confiança quase que exclusiva em resultados de exames laboratoriais, sem sopesar custos e possíveis danos ou efeitos colaterais (como a exposição excessiva à radiação). O conceito de saúde, bem como a expectativa de resultados do tratamento também sofreram mudanças.

A senhora tem como avaliar se aumentou o número de crianças em seu consultório?
Não houve uma alteração perceptível no perfil, nem no número de pacientes. A demanda no meu consultório sempre foi bastante elevada. Atuo há mais de 20 anos em Nova Friburgo. Hoje, tenho pacientes que acompanho desde a minha chegada, mas também há pacientes que não retornam por conta de frustração fundada na expectativa do trabalho com a homeopatia ou até com a minha proposta pessoal. Mas, em contrapartida, atendo crianças que são filhos de antigos pacientes e que são trazidos por eles, o que é muito gratificante.

É difícil convencer os pais de que o tratamento homeopático, por demorar mais a apresentar resultados do que o alopático, é tão eficaz quanto?
As dificuldades com o tratamento têm como ponto principal a expectativa de resultados imediatos e eficientes dentro do conceito que a pessoa possui. Sempre tento destacar o que pode ser esperado em cada caso, de acordo com a gravidade do quadro.

Aliás, procede a versão sobre a diferença de tempo entre um e outro tratamento?
A resposta ao tratamento muitas vezes é surpreendentemente mais positiva, inclusive em relação ao tempo de resposta. Por outro lado, pacientes crônicos, em uso por muito tempo de outros tratamentos, muitas vezes não vão ter uma resposta tão próxima do desejado. O resultado dependerá de um tratamento mais longo.

O que a levou se especializar em homeopatia?
A minha opção tem uma história muito bonita: fui uma criança tratada com homeopatia por um médico já idoso na época, o doutor Luiz Eugênio Neves. Logo após o final do meu curso de medicina e da residência médica, meu ex-marido sofria muito com uma doença quando foi indicado o tratamento com homeopatia. Ele, muito timidamente, com receio de me deixar constrangida, perguntou minha opinião. Ficou surpreso quando o apoiei, e lhe disse que a homeopatia para mim não era tão exótica assim! Daí passei a acompanhar as consultas dele, até que a médica assistente me convidou para o grupo de estudos. Assim iniciei meus estudos nesta área até fazer a especialização no Instituto Hahnemaniano do Brasil, no Rio de Janeiro. Não parei mais a minha prática.

Pode acontecer de algum tratamento em andamento precisar ser mais rápido e daí ter que recorrer à alopatia? Neste caso, em que circunstâncias?
Sempre que avalio como necessário, em razão da gravidade do quadro, faço uma associação de tratamentos. Afinal formei-me pediatra três anos antes de me especializar em homeopatia, exercendo a pediatria até hoje. O fato de saberem que não sou radical e que poderei recorrer à alopatia, caso haja indicação, é também uma fonte de segurança para os pais. 

Os preços dos remédios homeopáticos são mais caros, iguais ou mais baratos que os alopáticos?
Os medicamentos homeopáticos já foram mais em conta. Com os rigorosos controles e exigências da Anvisa, houve uma elevação dos custos. Em média, atualmente, pode-se dizer que o custo é mais elevado que antes, mas ainda menor que o dos medicamentos alopáticos.

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