Hidrelétricas causariam enorme impacto ao ecossistema regional

Uma entrevista com o ambientalista e geógrafo Willy Ortiz, membro efetivo do Conselho Nacional de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
por Antonio Fernando
Hidrelétricas causariam enorme impacto ao ecossistema regional

Desde que a possibilidade de construção das centrais hidrelétricas no Rio Macaé começou a ser ventilada, ambientalistas, políticos e a sociedade friburguense começaram a se mobilizar no sentido de reverter tal pretensão. Essa foi a segunda tentativa de se aprovar o projeto. A primeira vez que se discutiu uma iniciativa deste porte foi em 2001 com uma proposta do grupo Monteiro Aranha, mas a intenção foi barrada pelos moradores do distrito de Lumiar e do município vizinho de Casimiro de Abreu. 

A ideia, na época, era edificar uma barragem na localidade de Santa Luzia e desviar as águas através de um túnel de sete quilômetros pela rocha até onde seria a casa de força, prevista para ser instalada na localidade de Figueira Branca. 

A nova investida, se concretizada, causaria impacto negativo ao ecossistema da região, afetando um dos rios mais importantes e conservados do estado do Rio de Janeiro, um patrimônio coletivo de grande valor socioeconômico e ambiental. 

A VOZ DA SERRA conversou sobre a possibilidade do Rio Macaé ganhar centrais hidrelétricas com o ambientalista e geógrafo Willy Ortiz, membro efetivo do Conselho Nacional de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, que é contrário à ideia.

A VOZ DA SERRA: Até que ponto a instalação das três pequenas hidrelétricas poderia prejudicar o ecossistema do Rio Macaé?
Willy Ortiz:
Um empreendimento desse porte pode trazer consequências negativas à vazão do Rio Macaé, alterando-a ao longo da área de intervenção, podendo assim afetar a fauna aquática, enfraquecer a vegetação ciliar e alterar de forma imprevisível a dinâmica dos lençóis freáticos da região, podendo afetar inclusive o abastecimento de água de toda a bacia hidrográfica.

A empresa que estava interessada no empreendimento chegou a fazer incursões junto à comunidade?
Segundo apresentação pública de um dos responsáveis do projeto na sede da Área de Proteção Ambiental (APA) de Macaé de Cima, o empreendimento está seguindo todos os procedimentos necessários no processo de licenciamento no Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

Quem é o responsável por instalação de hidrelétricas? O Estado do Rio? A União?
O empreendimento previsto cobre apenas áreas de municípios localizados no estado do Rio de Janeiro e o impacto será em um rio estadual, portanto, é matéria de competência do estado (do Inea, no caso) e das prefeituras dos municípios envolvidos.

Qual o prejuízo socioeconômico para as comunidades afetadas caso as hidrelétricas venham a ser construídas?
Perda da qualidade ambiental, incluindo risco de poluição, e de opções de lazer de moradores e turistas com as intervenções a serem feitas no curso e vazão naturais do rio, automaticamente afetando os micro empreendimentos econômicos voltados para o turismo e ecoturismo, além do aumento do fluxo de trânsito e pessoas na construção e durante a operação dos equipamentos das usinas, prejudicando a segurança dos moradores nas localidades ainda bucólicas da região.

 

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