Guerra ao Aedes: prédio do Sase, o retrato da negligência

Há mais de cinco anos abandonado, o espaço acumula lixo e possíveis focos do mosquito
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
por Amanda Belém
(Foto: Lúcio Cesar Pereira)
(Foto: Lúcio Cesar Pereira)

O jornal A VOZ DA SERRA tem recebido diversas denúncias de possíveis focos do mosquito Aedes aegypti, grande parte de Olaria, o bairro com maior índice de casos de dengue em Nova Friburgo. E uma delas diz respeito ao Sase (Serviço de Assistência Social Evangélica) de Olaria, que existe há 20 anos e permanece esquecido após abrigar vítimas da tragédia de 2011. A redação entrou em contato com a subsecretária Fabíola Pena, da Vigilância em Saúde, para saber detalhes sobre a vistoria do imóvel. “A fiscalização ocorreu sim, há um mês, e informamos ao Ministério da Saúde que quem tivesse responsável pelo imóvel deveria mantê-lo.” 

Em situação de risco à saúde pública, a antiga policlínica está repleta de lixos, objetos e cômodos abandonados, que supostamente servem de moradia para pessoas que vivem nas ruas. Portas e vidros foram quebrados e diversos utensílios pessoais como sandálias e sapatos estão jogados numa sala isolada. Moradora de Olaria, Karina explica que às vezes se sente coagida ao passar por ali. “Diversas vezes, altas horas da noite, chegando da faculdade, eu vejo moradores de rua entrando no prédio e fazem uma sujeira por lá”, explica Karina.

Fernanda Matheus, que viveu no bairro durante 18 anos, afirma que a situação só piorou e que atualmente o ambiente serve como ponto de uso de drogas. “Aquele posto está um perigo. Quando meu filho era mais novo, ele se consultava lá. E com o tempo, vi que diversas pessoas estão lá usando drogas. Fico com medo! Infelizmente a estrutura foi invadida por moradores de rua. Além das pichações que sujam o local”, reclama Fernanda.

Imbróglio na Justiça


Para esclarecer a situação, A VOZ DA SERRA entrou em contato com o procurador do município de Niterói e negociador para fins governamentais, Jorge Deserto Necco, que responde pelo proprietário do imóvel. Segundo ele, foi aberto uma ação na Justiça em 2001 e há três anos a Prefeitura não está pagando os aluguéis, que se acumulam em mais 2 milhões de reais. “Fora correção, juros de mora, entre outros”, salienta Jorge. O negociador também  aponta a prefeitura como responsável pela conservação do prédio: “Lamentavelmente, com muito desgosto, não estão tratando e nem conservando o prédio como deveriam. Desconhecemos o motivo do abandono e o desinteresse pela causa. Até a presente data, a total responsabilidade pela conservação, manutenção e guarda do local é do governo Executivo Municipal. Prefeitura”.

A VOZ DA SERRA solicitou esclarecimentos à Prefeitura, que em nota informou que o referido imóvel foi alugado pela própria Prefeitura há muitos anos e que, como no momento não está sendo utilizado, será feita a devolução das chaves ao proprietário. Até que isso se cumpra, a Subsecretaria de Posturas informa que serão feitas rondas periódicas no local a fim de averiguar possíveis irregularidades e, caso necessário, a Polícia Militar também será acionada. 
O subcomandante Tardin, da Guarda Municipal, esclareceu algumas questões sobre a ronda no local. “As rondas são feitas na parte da noite principalmente no Craes. Já recebemos informações sobre a invasão do local para fins irregulares e estamos cientes também que o local está abandonado e que está passando por um processo judicial.” 

Jorge Deserto Necco e o presidente do Sase, reverendo Isaías de Souza Maciel, fazem um apelo para o governo municipal: “Propomos que se possível de imediato, seja implantada uma UPA e assim façam uma reforma do imóvel e para melhor atender à população friburguense.”

  • (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

    (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

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