Freio na matança

sábado, 23 de maio de 2015
por Jornal A Voz da Serra
A MORTE DO médico e ciclista Jaime Gold, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, uma das regiões nobres da cidade, levanta a questão dos crimes cometidos por jovens em todo o país, sejam munidos de facas ou armas de fogo. O preocupante aumento no número de mortes violentas de brasileiros, particularmente entre jovens e, entre esses, os afrodescendentes, chama a atenção para a necessidade de o país optar por ações que possam atenuar esse quadro.

Em 2012 foram 42.416 mortos. As principais vítimas foram jovens entre 15 e 29 anos
AS ESTATÍSTICAS, com base no chamado Mapa da Violência 2015, realizado por órgãos do governo federal e pela Unesco, são as mais elevadas registradas até agora por esse motivo desde 1980, quando teve início a série histórica. Por isso, deveriam inspirar um debate objetivo sobre os riscos letais da associação entre a facilidade para a circulação de armas e a cultura da violência, e sobre a urgência na implementação de providências para reduzir a vulnerabilidade nas faixas de maior mortandade. 

A CADA DIA, 116 pessoas morrem vítimas de armas de fogo no Brasil. Em 2012, data dos últimos dados disponíveis, foram 42.416 mortos. A principal causa foram homicídios, motivo apontado em 95% dos casos. Nesse período, as mortes por armas de fogo cresceram 387%, segundo a pesquisa divulgada esta semana. Em 10 anos, porém, o aumento foi menor: 11,7%. A pesquisa aponta os jovens entre 15 e 29 anos como as principais vítimas. Ao todo, foram 24.882 mortes nesse grupo, o que leva a outro recorde negativo: são 59% do total de casos.

A PARTICULARIDADE do fato de as campanhas de desarmamento no Brasil enfrentarem sempre dificuldades para o cumprimento de metas ajuda a explicar o fato de o país contar com um arsenal tão expressivo, a maior parte do qual em mãos indevidas. E é preocupante que, mesmo tendo contribuído para preservar milhares de vidas desde sua implantação, em 2003, o Estatuto do Desarmamento enfrente pressões destinadas a tornar suas normas mais brandas. 

O QUE SE PERCEBE claramente, a partir do levantamento com base nos registros entre 1980 e 2012, é que, na impossibilidade de reduzir o número de armas de fogo em circulação, o país precisa pelo menos acelerar políticas públicas com potencial para refrear a matança. No caso específico dos jovens, é preciso que as iniciativas incluam proteção, orientação familiar, educação, lazer e oportunidades no mercado de trabalho.

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