Família friburguense faz campanha de financiamento coletivo para projeto documental

Ideia é percorrer Brasil em 180 dias, viajando e morando numa Kombi. Objetivo é experienciar e registrar pessoas que busquem e acreditem em suas utopias
quarta-feira, 24 de maio de 2017
por Dayane Emrich

    Conheci Padu através de uma colega do jornal e, de cara, me vi longe da imparcialidade conhecida como regra básica da profissão. Nossas primeiras conversas aconteceram pelo  WhatsApp -- eu mandava textos e ela respondia com áudios. Padu é do tipo de gente que fala com a alma, uma voz tão doce e confortável que eu seria capaz de dormir enquanto ela conta sobre as atividades do seu dia…

Foram cerca de 20 mensagens de voz, algumas de segundos, outras com pouco mais de um minuto. Mas uma, especificamente, chamou minha atenção. Quase como um programa de edição, pus a voz de Padu em segundo plano para ouvir o que acontecia ao fundo. Era a voz do seu companheiro João, e os gritinhos e risadas do pequeno Rudá, o filho do casal, de apenas 1 ano e 3 meses de idade. Ali, eles me ganharam. Visualizei a cena: a casa, o trio, muito amor, empatia e união.

 

Paula de Souza Durso, a Padu, tem 26 anos, é professora de teatro, formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), mas atualmente trabalha como arte educadora, escritora e desenhista. Já João Pedro Orban, 28 anos, é diretor teatral pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e trabalha como criador de projetos. É também documentarista e fotógrafo.

Ela nasceu em Nova Friburgo e ele em São Paulo. Os dois se conheceram durante uma aula de direção teatral, na UFRJ, em 2011, e logo começaram a namorar. Estão juntos desde então. Terminaram a faculdade e decidiram vir morar em São Pedro da Serra, pacato distrito de Nova Friburgo.

“Tivemos uma espécie de crise da cidade grande. Estavamos em busca de maior qualidade de vida, mais tranquilidade e, por isso, viemos morar em São Pedro, numa casinha de roça, no meio do mato. Eu nasci em Friburgo, então eu já conhecia a região. O João se encantou de primeira”, conta Padu, acrescentando que o fruto dessa união chegou pouco mais de um ano depois da mudança e reacendeu o desejo do casal de pôr o pé na estrada.

    Uma jornada pelo encanto

    Motivados pela chegada do filho e a ânsia de tornar sonhos em realidade, Padu e João iniciaram, no dia 2 de abril, o “Rota em Cria: uma jornada pelo encanto”. Trata-se do projeto de uma viagem de 180 dias, em família, pelo Brasil. Com um importante detalhe: em uma Kombi! E começando já no final deste ano. O objetivo principal da aventura é experienciar e registrar pessoas que busquem e acreditem em suas utopias; fomentar o compartilhamento de práticas, pensamentos, palavras, imagens, segundo eles, formas de ainda encontrar encantamento na realidade em que vivemos e, assim, se jogarem no imprevisível.

    Em outras palavras, a partir dos conceitos de política, educação, cultura e espiritualidade, o projeto tem como intuito entrar em contato com instituições, espaços de espiritualidade, ecovilas, comunidades e pessoas que possuam sonhos e buscam formas de ação e relação através do afeto. A ideia é poder ficar semanas em cada lugar, conhecer pessoas e suas realidades de vida. Toda essa interação será registrada através de textos, fotos, desenhos e vídeos e depois disponibilizadas no canal do Youtube, Instagram e no blog do Rota em Cria.   

“A nossa vida mudou completamente com o nascimento do Rudá. Trabalhar com cinema, por exemplo, era uma vontade antiga e que só depois dele fui capaz de começar”, conta João. Assim foi também com Padu. “Eu comecei a realizar diversas atividades que antes eu não desenvolvia, como escrever e desenhar. Além de me transformar como pessoa, Rudá ajudou a ampliar meu campo artístico. Dizem que quando um filho chega, tudo se transforma, e foi o que aconteceu com a gente. Renascemos em vários aspectos da vida e percebemos que ainda há muito o que viver”, afirma ela, explicando que o Rota em Cria é um projeto artístico, documental e itinerante em família. Mas, antes de tudo, uma proposta de busca.

Assim, contrariando as leis da física e a maioria dos casais, que desaceleram com a chegada dos filhos, eles foram embalados pela inércia. “Nos vimos morando no interior, levando uma vida pacata, confortável e desconfortável ao mesmo tempo. Sem conhecer coisas e pessoas novas, sem ativar nossos conhecimentos. Muitos também têm essa vontade de liberdade e, por isso, é como se a gente estivesse realizando um sonho coletivo”, exclama Padu.

João esclarece que para concretizar esse projeto, ainda sem rota definida, o casal venderá o carro, um Uno, chamado carinhosamente de ‘Tunico velho de guerra’; comprará a Kombi e a transformará em uma casa itinerante para os três. Toda essa transformação, é claro, demanda gastos.

Como funciona?

    Recém-casados, e com pouca grana para tornar o projeto realidade, Padu e João optaram por uma prática que vem ganhando cada vez mais espaço: o chamado “crowdfunding” ou, em português, financiamento coletivo.

Nesse tipo de projeto são estipuladas metas financeiras e um prazo (1 a 90 dias) para a arrecadação. Cada pessoa colabora com o quanto puder e, em troca, recebe recompensas. Se a meta for atingida, o projeto vira realidade. Do contrário, todos recebem seu dinheiro de volta.

No caso dessa família, para que o projeto saia do papel e eles coloquem o pé na estrada é preciso alcançar o valor de R$ 12 mil, até o próximo dia 2 de junho. Além de cobrir os custos para a personalização da kombi (48%), a verba ajudará com os gastos para comunicação (6%), com o site que promove o financiamento (7%), operadora de cartão (5%), recompensas (10%) e manutenção (24%).

Já a alimentação e outras despesas durante a viagem serão pagas com os trabalhos do casal. “O dinheiro do financiamento só cobrirá as despesas com o que precisamos para viajar. Os gastos durante a viagem serão pagos com nosso trabalho. O João com vídeos e fotos e eu com desenhos e ilustrações”, diz Padu.

Recompensas

    O financiamento coletivo é um jogo onde todos saem ganhando. Além de ter acesso a todo o conteúdo produzido durante a viagem, para cada quantia doada há um presentinho. Quem doa R$ 30, por exemplo, recebe por e-mail um almanaque virtual Rota em Cria, com um compilado de textos, fotos, desenhos, planejamentos, mapa do trajeto, filmes e livros que inspiraram o casal para a aventura.

Aqueles com um poder de cash ($) um pouco maior e que podem doar R$ 2 mil tornam-se oficialmente patrocinadores da campanha. O presente, neste caso, é o nome ou logo impressos na Kombi, antes da viagem, e divulgados em todas as mídias sociais do projeto. Legal, não é?

É importante lembrar também que, além dos valores estipulados, é possível doar uma quantia diferente. Basta clicar em “Apoiar neste projeto” e contribuir com o quanto quiser. Podendo optar ou não pela recompensa.

Conheça o projeto

Para quem ficou interessado na campanha, vale a pena dar uma espiada nas redes sociais do projeto. Além do site, a simpática família está no Facebook; no Instagram; e no Youtube.

ASSISTA AQUI AO VÍDEO DO PROJETO

 

 

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TAGS: crowdfunding | projeto | Kombi | financiamento coletivo
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